quinta-feira, janeiro 12, 2017

Mário Soares

Quando um dia se fizer a história da terceira república Mário Soares será por certo um nome incontornável. E nessa medida recairão sobre ele enormes responsabilidades. Filho da primeira república teve no entanto o cuidado de não cometer os erros que apressaram o seu fim. Nesse sentido preocupou-se em manter uma relação cordial com a Igreja Católica. No que toca aos monárquicos é justo referir que não se poupou a esforços para proporcionar um casamento de estado ao Duque de Bragança. Mário Soares era nessa altura presidente da república. No mais, pode dizer-se que morreu amargurado vendo ruir à sua volta todos os seus sonhos políticos. Sonhos internos e externos. 

No lado interno a ‘sua’ terceira república afundou-se num mar de corrupção e só não foi ainda condenada porque os tribunais superiores são dominados pela maçonaria e não pela justiça! Mas existem outros pecados na ‘sua’ república que as frequentes peregrinações à prisão de Évora indiciam. Pecados dele e da nomenclatura do regime. Para os conhecer, se de facto existiram e qual foi a sua extensão, teremos que esperar, não pela democracia, que pelos vistos neste aspecto não funciona, mas por mais um golpe revolucionário que lave então a roupa suja da república anterior!

No plano externo também não foi feliz. Aí, os seus sonhos transformaram-se simplesmente em pesadelos! A união europeia com uma constituição napoleónica não vai existir e o mais certo é ela própria desmoronar-se. Talvez tenha ido a tempo de perceber que depois duma união soviética haveria poucas hipóteses de reconstruir na Europa um império laico, republicano e socialista!
Mas pior do que tudo isso fica ligado a uma descolonização que destruiu, sem honra nem glória, o império português! E sem proveito para ninguém! A não ser para uns quantos ditadores, cleptocratas e racistas, que ele tão exaltadamente condenava! Triste sina!

Finalmente, para um monárquico como eu tinha uma grande virtude: - sabíamos quem era o adversário. Neste país é raro sabermos isso. E o facto de não ter havido muita gente no seu enterro também o enaltece. Numa terra de adesivos é sempre bom sinal quando eles faltam.  

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