quarta-feira, outubro 05, 2016

Eu e o cinco de Outubro!

Faltou uma página ao livro de José António Saraiva. Vou tentar escrevê-la aqui. Começaria assim: - e depois, pese as desinteligências, as vergonhas, as guerras intestinas entre pedreiros e lojas, juntaram-se todos no cinco de Outubro! Para celebrar as mordomias e o emprego! Talvez pudesse fazer uma antevisão do que seria a festa, imaginar a coreografia, não seria difícil atendendo à sua experiência de jornalista. Eu limitei-me a seguir com os olhos parte do programa televisivo, numa mesa longínqua, enquanto tomava o pequeno almoço no café habitual.

Lá estava a guarda pretoriana do regime, perfilada, um corpo policial paralelo, que não existe nos países civilizados mas é frequente existir nas ditaduras. Lá estava também o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a rebentar de contente, mestre-de-cerimónias natural da revolução lisboeta. A GNR continuava firme e aguardava o pretor. Enquanto Marcelo descia da limousine o meu espírito recuou e lembrei-me que a GNR fora a única força que quis disparar contra o 25 de Abril! Era a tentativa para salvar o seu padrinho Marcelo Caetano e a segunda república! Curioso, quem diria! Mas agora estamos na terceira república, e o melhor sinal de que ainda lá estamos foi esta reposição do feriado contrariando aqueles que à maneira de Salazar quiseram (e querem) pôr uma pedra sobre o assunto. Fingir que aquilo não aconteceu! Nessas condições prefiro que se comemore, não gosto de cernelhas, prefiro pegas de caras. Gosto de ver a face dos meus adversários, a sombra dos traidores, a pose dos adesivos. E adesivos são todos aqueles que lá estão podendo lá não estar.

É um dia feliz para uns tantos mas é um dia triste para Portugal.



Viva a monarquia!

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