terça-feira, janeiro 26, 2016

Rescaldo eleitoral

Sem qualquer surpresa, Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito à primeira volta. Teve tudo a seu favor: - em primeiro lugar a fraca concorrência; em segundo lugar um pacto invisível (mas real) entre as forças ocultas que sustentam o regime e os partidos que as representam; em terceiro lugar a visibilidade de um artista de televisão; em quarto lugar o mérito pessoal e a inteligência de uma campanha que não falou de política. Sendo o mais republicano de todos os candidatos fez-se passar pelo mais monárquico de todos! É sempre assim. Ganhou práticamente em todos os distritos eleitorais e se houvesse segunda volta a sua vitória seria ainda mais expressiva.

Resultado: 2.410.130 votos – 52%

Sampaio da Nóvoa, um desconhecido reitor, acabou por superar as expectativas e na hora da derrota teve o seu melhor momento de campanha! À pergunta sobre o que faria com o ‘seu’ milhão de votos, respondeu que as eleições acabavam ali! Se durante a campanha revelasse outro distanciamento da partidocracia, o que não conseguiu ou não quis, talvez obrigasse Marcelo a uma segunda volta.

Resultado: 1.060.769 – 22,8%

Marisa Matias é a imagem do marketing político que o BE vem desenvolvendo e, diga-se, com assinalável sucesso. Uma linha feminina, fotogénica, fracturante, libertária e quem não corresponder a este logotipo não aparece na televisão. E sem televisão não há nada. É assim que Marisa Matias parecendo a mais livre, e a mais genuína, de todas as mulheres, acaba por ser a menos livre e a mais artificial de todas.

Resultado: 469.307 – 10,13%

Maria de Belém e as subvenções vitalícias pela calada resumem a sua intervenção e o seu desastre eleitoral. ‘Costumo dizer que sou profundamente cristã’ é uma frase (impensável) que não se diz. Nem em campanha.

Resultado: 196.582 – 4,24%

Edgar Silva deveria ter prosseguido na sua vida eclesiástica. Fica melhor a citar a Bíblia que a Constituição. Para a próxima Jerónimo terá de arranjar uma cara mais engraçadinha para concorrer com o Bloco.

Resultado: 182.905 – 3,95%

Dos restantes candidatos só Tino de Rans conseguiu destacar-se (152.045 – 3,28%). E em minha opinião fez o suficiente para merecer tal destaque.

Falta falar da legitimidade dos eleitos. Os números falam por si:

Inscritos: 9.699.000
Votantes: 4.737.273
Abstenção: 51,16%


Nota básica: - Há-de chegar o dia em que a abstenção, que não pára de crescer, terá uma leitura correcta e consequente. Nesse dia os portugueses irão perceber que o eleito presidente da república representa muito pouco. Para além de não representar a continuidade histórica, representa apenas uma pequeníssima parcela da população.



 Saudações monárquicas

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