quinta-feira, março 17, 2011

Três momentos marcantes

Comecemos pela entrevista de Sócrates à televisão, pelo seu discurso recorrente: - as dívidas são solidárias, os nossos parceiros têm que as pagar também (ainda que por norma não tenham dívidas), para isso fazemos parte da união. Por conseguinte é a união que tem a responsabilidade de encontrar uma solução conjunta para este problema. Problema que como sabem resulta de um ataque sem precedentes dos mercados, mercados que não gostam de dívidas (insolúveis), mercados que não gostam da dívida portuguesa. Entretanto, e continuo a seguir o raciocínio da esquerda, o direito a contrair dívidas é pessoal e intransmissível, é soberano, mal acomparado, tal como o meu corpo, que é meu, podendo fazer dele o que quiser: - abortar, drogar-me, casar com uma alimária. E haja alguém que pague e seja solidário com isto! Sem falar no mau exemplo.

Outro momento inesquecível aconteceu na abertura do ano judicial: - o discurso a duas vozes do bastonário Marinho Pinto!
Na primeira voz, sem surpresa, atirou-se aos magistrados, com especial pontaria na direcção do juiz Carlos Alexandre que teve a ousadia de levar a julgamento aquela rapaziada do ‘face oculta’. Irritando sobremaneira, como se viu, o eterno defensor de inocentes próximos de Sócrates.
Na segunda parte, completamente distinta, Marinho assume-se como o grande justiceiro, alma imaculada da república, denunciando sem contemplações a corrupção que se abate sobre as colunas do estado. Termina (surpreendentemente) com rasgados elogios à obra da Igreja Católica, apesar de se confessar laico e sem religião aparente. Bonito! Quem não o conhecer, que o compre, diz o povo e digo eu.
Subsistem duas perguntas: - porque será que num país dito católico, os cargos de relevância judiciária estão (na sua totalidade) entregues a laicos, para não dizer maçons?!
Segunda pergunta: - não haverá ligação entre o estado da justiça e o compadrio que naturalmente resulta destas sociedades secretas?!
As perguntas ficam no ar.

Terceiro momento marcante: - a televisão pública é do Real Madrid! Só assim se explica que tenha transmitido (em horário nobre) um jogo entre castelhanos e uma equipa francesa. Bem sei que o treinador é o Mourinho, bem sei que jogava o Cristiano Ronaldo, bem sei que o povo gosta de ver. Mas há limites para o divertimento e para a propaganda.
Isto faz-me recuar no tempo, e a um tema já por mim glosado, sobre os gladiadores que eram recrutados aqui na península ibérica para abastecer e satisfazer as necessidades do circo romano. Também eles, os gladiadores, eram apreciados pela sua força e destreza. Os romanos pelo menos gostavam. Estou até convencido que se houvesse televisão nesse tempo, e se o regime em Portugal fosse igualmente pacóvio e subserviente, que os combates também seriam transmitidos, para todos vermos os nossos heróis lutar e morrer consoante o polegar de César.
Uma pergunta: - existe ao menos alguma reciprocidade? A TVE também transmite jogos do Porto ou do Benfica?

Saudações monárquicas

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