quinta-feira, março 10, 2011

Não escrevas

Eh pá, não escrevas, está quieto, larga a caneta, o computador, estás velho, só dizes mal, não escrevas isso, vai dar uma volta, entretêm-te, experimenta namorar, ou então não namores, vai ver o mar, não andas sempre com essa conversa do mar?! Pois então aproveita, espreita o horizonte, quem sabe se não vislumbras a tal armada invencível que nos virá salvar! Mas se for apenas poeira, ilusão, não te chateies, a vida é assim, senta-te numa esplanada, passa os olhos pelo jornal, lê as gordas, em diagonal, e ri-te, faz bem rir, podem pensar que és maluco, não importa, ri-te na mesma. E se os jornais de hoje trazem coisas para rir!

Por exemplo, Cavaco Silva embarcado na Sagres com criancinhas! O homem das auto-estradas, em direcção à Europa, o aluno mais obediente da UE, que mandou abater a frota de pesca, a mercante, que deixou envelhecer a marinha de guerra, ele aí está, após a posse, reconvertido ao mar! Um milagre! Como é que uma cerimónia chatérrima, sem liturgia, cheia de apertos de mão, sem significado, pode transformar o cinzento em azul marinho! Milagre, repito.

Também para rir, o puxão de orelhas a Sócrates, ao governo, à década, como se ele, Cavaco Silva, não estivesse por cá, ou fosse habitante de outro planeta! Como se nos últimos cinco anos não houvesse promulgado todas as ideias fracturantes, em nome do rigoroso cumprimento da bendita constituição! Temos sorte que a constituição ainda não se lembrou de nenhuma tropelia maior. Que a promulgação, essa, não havia de falhar.

Bem, mas vamos lá rir a bem, benzinho, que este segundo mandato está cheio de promessas de intervenção, afastado o calculismo que presidiu (preside sempre) ao primeiro mandato, tendo em vista a reeleição. Um pouco mais a sério aqui fica uma sugestão (de um ilustre correligionário) com a qual concordo inteiramente: - se os presidentes em Portugal só são activos e intervenientes no segundo mandato, (uma vez que não podem candidatar-se a um terceiro), porque não reduzir o assunto (leia-se calculismo) a um mandato apenas?! Assim mostravam logo o que valem, ou não valem, e não se perdiam cinco anos. Se calhar, meio mandato bastava.

Saudações monárquicas

Sem comentários: