sábado, novembro 28, 2009

Juízes não são sindicalizáveis

Assim como lhes assiste a razão quando reagem à instrumentalização da justiça pelo poder político (veja-se a composição do Conselho Superior de Magistratura cheio de comissários políticos designados pelos partidos) também é pertinente reafirmar que os juízes não são sindicalizáveis.
E não são sindicalizáveis porque têm um estatuto de independência que não é compatível com a representação por terceiros. A judicatura ou magistratura é por natureza um cargo singular sem vasos comunicantes. Só vai para juiz quem quer, quem aceita a regra, e neste sentido é uma espécie de sacerdócio.
Os problemas logísticos serão resolvidos pelo órgão hierárquico competente, o tal Conselho Superior de Magistratura, limpo de comissários políticos, e que deve endereçar as suas reivindicações à Assembleia da República, incluindo pareceres sobre a justeza das leis que têm que aplicar. A partir daqui o povo português deve responsabilizar a AR pelo estado da justiça, tendo em conta aqueles pareceres. E nas eleições deve premiar ou castigar os partidos políticos.
Não sendo assim, o melhor é voltarmos a pensar em juízes de fora!

quinta-feira, novembro 26, 2009

Moeda de troca?!

As notícias rolam sobre as cabeças do centrão, enquanto advogados de peso desafiam abertamente as decisões do juiz de Aveiro. Noutra vertente, Mário Soares, pai e padrinho do regime, propôe namoro ao PSD, tudo se conjuga portanto para que o caso BPN sirva de dote e moeda de troca entre esponsais - escutas ao primeiro-ministro destruídas e BPN em banho maria. Veremos se casam ou não.
O discurso inaugural de Manuela Ferreira Leite prometia abrir as hostilidades, mas a frieza que se seguiu, e as intervenções fora do alvo de Aguiar Branco, deixaram um vazio que a proposta 'comissão de acompanhamento' não preencheu. Comissões de acompanhamento soam-me sempre a namoro com pau de cabeleira por perto. Talvez me engane, ou talvez não!

quarta-feira, novembro 25, 2009

Quem são os responsáveis?!

Os verdadeiros responsáveis pelo descrédito do país são obviamente os pais do regime. E quem são os pais do regime?!
Pais e padrastos reconhecem-se pelo fio condutor, pelos objectivos que professam: – a palavra de ordem é desconstruir Portugal. Como?! Pedra a pedra, tábua a tábua, a desagregação seguiu os seus passos - importaram o ideário da revolução francesa, extinguiram as Ordens Religiosas num país fundado por Cruzados, destronaram e liquidaram o Rei, árbitro acima das facções, garantia da nossa independência e liberdade, e não contentes, entregaram a riqueza nacional ao estrangeiro, constituindo-se como os pedintes da Europa!
Foram cento e oitenta anos sempre a perder! Os sucessores desta dinastia obscura prosseguem o seu trabalho de sapa, e Portugal é hoje um estado inviável, sem importância, enquanto eles estão cada vez mais ricos e importantes!
Nesta etapa final houve necessidade de efectivar algumas depurações, afastar alguns descontentes, e celebram-se por isso algumas datas: - o 25 de Novembro de 1975, é uma dessas datas. Vivido com esperança pela grande maioria dos portugueses acabou em desilusão: - o partido comunista, um dos responsáveis pela instabilidade, mentor da ‘descolonização exemplar’, foi poupado e reconhecido como garante da democracia!
A partir daqui a história é conhecida – lenta mas seguramente o regime foi posto nos eixos, a justiça acabou no bolso dos partidos, e a liberdade de imprensa depende dos favores do estado! O estado é por sua vez uma password – serve de cenário às manobras das corporações que se agitam nos bastidores.
A república soviética portuguesa caminha assim alegremente para outra data, outra celebração – o seu centenário! Que há-de coincidir um dia destes (se nada de anormal acontecer) com a anexação pelo reino de Leão e Castela!
Um filme que chegou ao... princípio!

Saudações monárquicas

terça-feira, novembro 24, 2009

Enquanto houver juízes em Aveiro…

Enquanto houver juízes em Aveiro… Sócrates vai continuar no fio da navalha.
Aliás, ao programa de ontem dos prós e contras da televisão pública teria sido mais correcto chamar-lhe – a justiça por um fio. Com efeito não fossem as corajosas intervenções, quer do juiz Graça Cardoso (que literalmente silenciou a falta de educação do bastonário socialista), quer do penalista Pinto Albuquerque (que cilindrou a argumentação soviética do vetusto professor Germano Silva), não fora isso, repito, e o programazinho de encomenda teria redundado em mais um comício de propaganda a favor do governo. Do governo e da nomenclatura que, por trás do biombo, vai ensaiando a marcha fúnebre deste país… por um fio.
Sem argumentos, agarram-se à forma das leis, fabricam leis à medida, e não aceitam ser julgados por ninguém. E cúmulo da desfaçatez, exigem uma justiça independente do poder político e ao mesmo tempo enchem os órgãos judiciais de comissários políticos!
Mas ontem a noite correu mal aos defensores da destruição de provas, e correu mal à própria apresentadora incapaz de perceber aquilo que é elementar: - os portugueses têm o direito a uma explicação sobre as razões que levaram dois magistrados a indiciarem o primeiro-ministro pela prática de crime grave contra o estado de direito. Têm esse direito e o procurador-geral tem esse dever. Tão simples como isso.
Tem a palavra o procurador-geral da república.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Portugal arquivado

Assis quer arquivar Portugal. Assis quer pôr o país em segredo de justiça! Assis pensa que arquivar é o mesmo que julgar, que o arquivo é uma certidão de inocência, imagina que assim arruma a questão!
Está obviamente enganado. Mas Assis revela-se, e revela-nos que afinal não acredita na justiça mas apenas no segredo de justiça!
Se acreditasse na justiça, se acreditasse na inocência do primeiro-ministro seria o primeiro a incentivá-lo a defender a sua honra em tribunal. Os tribunais servem para isso, para condenar mas também para absolver.
Mas Assis não arrisca, prefere que Sócrates seja ilibado pela porta do cavalo, sem inquérito, sem investigação, no segredo dos gabinetes, e por decisão exclusiva de um procurador nomeado… por proposta do primeiro-ministro!
E quer que os portugueses acreditem nisto!

Outro que quer fazer batota é o Jerónimo do PCP. Quer as escutas guardadas, em segredo (será de justiça!), longe portanto das vistas e dos ouvidos dos portugueses… para poderem ser utilizadas quando for oportuno!
Não me parece boa ideia. Estou a lembrar-me do que aconteceu com os arquivos da antiga polícia política logo a seguir ao 25 de Abril de 1974. Foram devassados e postos ao serviço da esquerda emergente.

Quem entrou definitivamente em segredo de justiça foi o nosso Presidente! E já não pode sequer contactar com os portugueses. Diz ele que 'está impedido'!
Qualquer dia é arquivado.

Saudações monárquicas

sexta-feira, novembro 20, 2009

Poema em segredo de justiça

Meu barquinho moliceiro
Que fainas trazes na rede?
Trago moliço imprevisto
Um tubarão nunca visto
Em toda a ria de Aveiro!

Ai que bela pescaria!
Uma excelente notícia
Num qualquer país normal
Mas estamos em Portugal
Em segredo de justiça

Por isso toma cuidado
Antes que venha o fiscal
E o juiz procurador
Vai soltar o animal
Pois não é peixe, é doutor.

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.Refrão:
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Ria acima valentão
Ria abaixo moliceiro
Foste atrás de um tubarão
E pescaste um engenheiro!

quinta-feira, novembro 19, 2009

Vara criminal

A "situação"
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Escreve hoje no Público Costa Andrade, Professor da Universidade de Coimbra: “Uma escuta, autorizada por um juiz de instrução no respeito dos pressupostos materiais e procedimentais prescritos na lei, é, em definitivo e para todos os efeitos, uma escuta válida. Não há no céu - no céu talvez haja! - nem na terra, qualquer possibilidade jurídica de a converter em escuta inválida ou nula”. E o reputado penalista prossegue: “Uma vez recebidas as certidões ou cópias, falece àquelas superiores autoridades judiciárias, e nomeadamente ao presidente do STJ, legitimidade e competência para questionar a validade de escutas que foram validamente concebidas". Mas o que Costa Andrade escreve não interessa à situação. A situação não descansa nem descansará enquanto não conseguir destruir umas escutas que devem ser muito, mas mesmo muito explosivas para o actual Poder. E a ‘situação’ vai conseguir destruí-las, qualquer que seja o seu conteúdo. Mesmo que as conversas escutadas configurem, como sustentaram o procurador do caso "Face Oculta" e o juiz de instrução de Aveiro (outros pobres diabos que deverão conhecer a experiência do juiz Rui Teixeira) crimes de atentado contra o Estado de Direito.
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Sou inocente
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Calmex, camarada...as tuas explicações são para o tribunal, não para nós. Tu ganhas 34.000/mês (ainda gostava de saber porque tens apetites diferentes dos nossos) e estás metido em sarilhos! Não era melhor ganhares 1.500/mês, ires ao hipermercado aos sábados (recanto espiritual da maioria do povo), estares na "bicha" à espera de vez, e ao domingo ires à pastelaria do bairro mais a tua Maria e mamarem uns "guardanapos" (vinho branco p'ra ti e uma caneca meia de leite p'ra Maria)? Hum? mas não, mesmo na mó de baixo ( Socrates levantar-te-á, descansa ), tu chegas ao diap de aveiro, 5 minutos antes da convocatória, em carro de classe estacionado pelo motorista, mesmo em frente à porta do tribunal!!! Estavas a gozar, não? És um brincalhão. Já te julgas o Kadafi! Para motorista de PATRÃO cresceste muito!
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No meio de toda esta chantagem politica sobre a justiça - porque é bem disso que se trata, com cassetes que andam de um lado para o outro, deste para aquele juiz, da procuradoria para o Supremo, numa dança de responsabilidades assumidas e não assumidas, tenta-se esconder, para depois destruir o essencial: as provas que incriminam, além de Vara e seus amigos sucateiros, também o próprio primeiro ministro. E a propósito deste cavalheiro, vale a pena recordar as semelhanças deste caso com o Freeport. Será que os portugueses foram tão domesticados e bloqueados pelo Salazarismo que são incapazes de tirar conclusões politicas das trafulhices mais evidentes. Parecem os maridos enganados que nunca querem acreditar que o foram....
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Claro que é inocente, a menos que venha a ser condenado...
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Alguém no seu perfeito juízo acredita que Armando Vara iria dizer que era culpado? Inocente, até ver... Quanto a alguns processos anteriores, podemos garantir que era culpado... Foi condenado com pena suspensa...
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Estranho, muito estranho
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Pergunto-me como será possível que um homem que recebe 30 000 euros mensais de vencimento bruto se "vendesse" por 10 000 euros ou seja pouco mais de uma semana de trabalho! Ainda, mais espantoso me parece que um homem inteligente como Vara usasse o seu gabinete do BCP para "negociar" a seu proveito. De facto, será necessário reconhecer que só um grande idiota ou doido varrido se colocaria a esse nível. Resulta que há algo nesta história que não bate certo. Vara um ex-administrador do maior banco português (CGD) e depois vice-presidente do maior banco privado português (BCP) "cobrar" 10 000 euros por negócios de milhões? Caros investigadores, 10 000 euros cobra um consultor por um relatório/análise de investimento. Sendo essa a prova eventual que possuem, manda o bom sendo que a bota não bate com a perdigota ou se preferem o fato não serve ao guru! Errar é humano, oxalá que também eu esteja enganado, por que se não estiver teremos desta feita um assunto muito sério a resolver.
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Realmente é estranho... no entanto eu não ouvi as escutas, o que veio a público é pouca coisa, mas também sei que os grandes tubarões só são capturados quando cometem um pequeno erro ou deslize. A história das investigações está cheia desses exemplos. De qualquer maneira existe um histórico que permite concluir que a nomenclatura não é julgada em Portugal. Se não é julgada (para eventualmente se defender) nunca pode ser condenada. Mas a questão principal tem natureza política, ou seja, a justiça está no bolso dos políticos e os políticos na teia da maçonaria. Isto é que é preocupante e pouco saudável para a democracia portuguesa - esta sensação (ou suspeita) de que somos comandados por uma sociedade secreta.
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Indagações.
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O Godinho de Matos não é do escritório do Proença de Carvalho? Já o Tiago Rodrigues Bastos não. O Proença de Carvalho é advogado de José Sócrates. Duas sociedades a partilhar o mesmo cliente no mesmo processo ou "damage control" por parte do nosso PM? Os senhores jornalistas que investiguem.
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Colaboremos então !
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Armando Vara diz que promete "colaborar com a justiça", óptimo, pena é a justiça também colaborar com ele.
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A PIADA DO MOMENTO EM PORTUGAL
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A PIADA DO MOMENTO EM PORTUGAL... Um grande empresário português marca uma audiência com José Sócrates, na Residência Oficial do Primeiro-Ministro. Enquanto aguarda, encontra Armando Vara que o recebe com muitos abraços. Quando é recebido pelo Primeiro-Ministro, sente falta da carteira e resolve abordar o assunto com o PM: - Não sei como lhe hei-de dizer, Senhor Primeiro-Ministro, mas a minha carteira acabou de desaparecer! ... E continuou: - Tenho a certeza de que estava com ela ao entrar na sala de espera. Tive o cuidado de a guardar bem, após apresentar o BI ao segurança. Não quero fazer nenhuma insinuação, mas a única pessoa com quem estive depois disso foi o Dr. Armando Vara, que está aqui na sala de espera ao lado. O Primeiro-Ministro retira-se do gabinete. Pouco tempo depois, regressa com a carteira na mão. Reconhecendo a sua carteira, o empresário comenta: - Espero não ter causado nenhum problema pessoal entre o Senhor Primeiro-Ministro e o Dr. Armando Vara. Ao que José Sócrates responde: - Não se preocupe! Ele nem percebeu!...*

Alguns comentários no 'Público on-line' sobre a audição de Armando Vara no DIAP de Aveiro, e que com a devida vénia transcrevo.

quarta-feira, novembro 18, 2009

Opinião Pública

SEGREDO DE JUSTIÇA E SEGREDOS DA JUSTIÇA
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No caso Face Oculta, antes de finais de Outubro não houve fugas de informação para divulgação na comunicação social das notícias picantes que agora se discutem. Se os investigadores de Aveiro tivessem pretendido prejudicar o PS e favorecer outro (s) partido (s), é óbvio que as conversas entre Vara e Sócrates teriam vindo a público antes das eleições legislativas, e dificilmente o PS teria sido o partido mais votado. O mais provável é que a violação do segredo de justiça tenha resultado de alguma falta de cuidado de Pinto Monteiro e/ou de Noronha do Nascimento, ao referirem detalhes do caso a "gente de confiança", insuspeita de interesse em usar essa informação para prejudicar o PS: estou a lembrar-me, p.ex, das várias reuniões de Verão (com jantar incluído) que ambos mantiveram com o ex-ministro Alberto Costa e com o ex-jornalista Marinho Pinto, nos últimos tempos bastonário travestido dos advogados e advogado de defesa de Sócrates (e de acusação aos que ousam investigar Sócrates) no tribunal da opinião pública. Se é esse o caso, a violação do segredo de justiça tem os mesmos responsáveis que o oportuno atraso da justiça até a permanência de Sócrates no cargo de PM estar garantida.

Se for para o demitir, muito bem!
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Se for para demitir o presidente do STJ. Obviamente, que concordo e muito bem. Se for para conversas de amigos, estamos mesmo mal neste pantanal! Deve seguir na mesma linha o PGR, demissão imediata. Por que não se deve brincar com coisas sérias como é o dinheiro dos contribuintes. Todas as investigações no tocante a essa gente toda acaba sempre nos arquivos mortos e sem que tenhamos conhecimento do que realmente se passou? É uma vergonha gastarem-nos rios de dinheiros em investigação, onde alguns polícias arriscam a vida para conseguir descobrir algo, que depois acaba inevitavelmente no meio do lodo do pantanal. É triste e desmotivante que Juizes e procuradores honestos e imparciais trabalhem e no final os seus superiores lhes passem um atestado de estupidez ou incompetência porque não estão de acordo com os desejos do PODER ? Por favor, senhor Presidente chame a si a honra deste país e deste povo! Portugal espera o que o senhor pode fazer por ele!

Manifesta-te POVO!
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Acorda POVO! Ergue-te Levanta-te Sai da letargia em que mergulhaste e onde o escol e os "misticicóides" te querem manter imperturbado, estático. Vem para a Rua e grita bem alto a tua indignação. Acredita, pois eles temem a tua vaga, o teu sobressalto. Pega as rédeas do teu destino. Assume, uma vez por todas, o controlo deste país miseravelmente mediocrizado, permanentemente adiado, imbecilizado, apenas porque assim convém ás "elites" e sempre reverte em teu prejuízo. Aprende a escutar a voz dos teus egrégios avós, apodera-te da sua coragem e assimila a sabedoria que te deixaram. Atenta no aforismo que diz: quanto mais te agachares, mais se te vê o traseiro. POVO, tu não és dinheiro, não és "nata social". Estas componentes até poderão ser partes do teu organismo, mas não passam de apêndices projectados do teu corpo, com funções ambíguas e de duvidosa utilidade. POVO, toma consciências de que tu «...É QUEM MAIS ORDENAS»! Não deixes que a patifaria continue imune e imponha suas leis torpes. Põe termo á senda de vilania, desvergonha e oportunismo, que plantadas de estaca para mal de quase todos e em proveito apenas de uns tantos, imperam na nossa sociedade actual.
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É necessária consciência!
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Este Presidente obedece apenas ás regras, ás leis! Ele mesmo está constantemente a afirmar isso, a afirmar a sua preocupação em cumprir estritamente o que a lei determina, o que a lei lhe manda! O ser humano deve obedecer sempre à sua consciência e não ao que outros lhe mandam, mas há uns seres que, apesar de terem aparência de humanos, obedecem apenas às leis, às regras, àquilo que outros determinaram e não à sua própria consciência que está imobilizada, ou não a têm! O que falta em Portugal é mais humanidade, mais seres com consciência individual, capazes de decidir e actuar por si mesmos, com acerto!
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Quem não deve não teme
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Como disse, ontem, Helena Roseta, quem não deve não teme. E o PM deve uma explicação ao país. Não pode, por um lado dizer à política o que é da política e à justiça o que é da justiça, e de seguida ministros do seu governo dizerem o contrário e até afirmarem que é um caso de espionagem política. E eu digo: Portugal não se pode dar ao luxo de ter um PM constantemente sobre suspeita. Não estamos na América latina. Estamos na Europa. O PS tem gente à altura para substituir o PM.
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VÃ ESPERANÇA?
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Os optimistas dirão que o presidente vai forçar o PSTJ a recuar no seu propósito de negar aos portugueses o conhecimento do que se passa com o primeiro-ministro. Os portugueses têm o sagrado direito político de saber o que ele disse ou não disse, susceptível de o tornar suspeito de crime grave. Não interessa se, criminalmente, é culpado ou não. Isso é com os Tribunais. Politicamente, o povo tem que ter a possibilidade de fazer um julgamento. O PSTJ estará no seu direito de achar que as gravações, em juízo, não servem. Mas não tem o direito de sonegar uma informação política da maior importância ou para, politicamente, ilibar ou o condenar o primeiro-ministro. Duas matérias são particularmente graves: a) Que o primeiro-ministro não exija, ele próprio, que as gravações sejam tornadas públicas (mesmo que editando-as retirando o que, nelas, não é do interesse público), o que o põe sob inevitável e fundada suspeita, uma vez que, se estivesse de consciência tranquila, seria o primeiro a querer revelar tudo; b) Que o PSTJ se ache no direito de proibir a divulgação de matéria de enorme interesse público. Os pessimistas dirão que o PR nada fará. O PR, como instituição, não é prejudicial?
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Evidências
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Pelo facto do presidente não poder demitir (o governo) é que “o polvo”, agarrado ao poder, estrebucha e tenta de todas as formas desvalorizar a corrupção, através de legalidades, para salvar um “governo oculto”. Perante a suspeição evidente o visado, que admite as conversas, deveria apresentar a demissão como fazem as pessoas com alguma dignidade.

QUEM AUTORIZA AS ESCUTAS AO PRESIDENTE DO STJ?
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O PS alterou a lei no sentido de que o Primeiro-ministro, o Presidente da Assembleia da República e o Presidente da República somente podem ser escutados com autorização do Presidente do STJ. Mas, quem autoriza as escutas ao Presidente do STJ? Ele próprio? Deve recordar-se que a lei foi feita à pressa, alterada quando o Presidente Jorge Sampaio foi apanhado numa escuta da PJ/MP a tentar inocentar e libertar o Paulo Pedroso junto de Juízes e Magistrados, num autêntico crime contra o Estado de Direito. Também não podemos esquecer que a Maçonaria está em toda a parte e os seus elementos protegem-se uns aos outros, sejam eles políticos, juízes, magistrados do Ministério Público, advogados, entre outros. Trata-se de uma subversão do Estado de Direito!

Um regime suspeito

Um regime de casta, com dois ou três padrinhos, vai ensaiando as cenas finais para comemorar condignamente cem anos sinistros. O maior fosso entre ricos e pobres da união europeia é a sua coroa de glória. Com a justiça no bolso, e um estado subsídio dependente, dá esse exemplo aos jovens que mal nascem e já querem ser funcionários públicos! Assim, nem com a Maria da Fonte…

Estes são alguns comentários extraídos do Público on-line a propósito da visita do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça a Belém, e que com a devida vénia transcrevo.

terça-feira, novembro 17, 2009

O regime sob suspeita

Recuando no tempo lembro-me do antigo Cavaco, na altura primeiro-ministro, decretar contra todas as evidências – ‘não há corrupção em Portugal’!
Ainda hoje o actual presidente da república parece não ter percebido o fenómeno! Quando questionado sobre o assunto refugia-se na separação de poderes (em que ninguém acredita), ou argumenta com a integridade das pessoas, como outros se desculpam com o ónus da prova ou com a qualidade das leis!
Mas a corrupção em Portugal, como noutro país qualquer, nunca é um problema de leis nem de pessoas. É um problema político. De vontade política. E quando falta a vontade para corrigir o óbvio, para corrigir o regime naquilo que ele tem de suspeito, de perverso, de aberrante, a corrupção alastra como uma mancha de óleo sem fim à vista.
E a pergunta surge naturalmente - Porque não se corrige o óbvio?!

Eu só encontro uma explicação, aliás duas, verso e reverso da mesma – porque não interessa ao poder e porque o poder é o mesmo há largas décadas… há um cento de anos.
Nos outros países, aqueles com os quais gostamos de nos comparar, também existe corrupção, e também existe alguma dificuldade em sentar no banco dos réus gente influente e poderosa, mas a verdade é que acabam por ser julgados, e muitos são condenados. Só em Portugal é que não há memória de julgamentos na esfera do poder! E não havendo julgamentos… não há condenações.

Isto acontece porque uma fortíssima armadura processual, fabricada para proteger uma casta, enreda qualquer processo numa teia de diligências e incidentes pelo que o desfecho final é sempre o mesmo: - arquive-se por falta de provas, ou porque a prova é ilegal, ou então prescreveu.
Este regime siciliano, uma vez instituído, não aproveita apenas à ‘família’, à casta, aproveita também a todos aqueles que, com mais ou menos escrúpulos, têm meios (e ligações privilegiadas) para cavalgar a supra citada armadura processual. Veja-se o que está a acontecer na Casa Pia, ou mais recentemente com este caso do sucateiro.

Isto tem cura? Teria, se os portugueses quisessem… mas os portugueses não querem. Intoxicados com a propaganda que todos os dias lhes é servida (por uma comunicação social diligente e servil) já não conseguem discernir.
Se conseguissem discernir veriam que a ‘constituição de Abril’ é um colete-de-forças laboriosamente construído para defender os interesses de uma casta, interesses que a maior parte das vezes não coincidem com os interesses dos portugueses nem de Portugal.

Um exemplo de serviço à ‘família’ em prejuizo da liberdade de todos é a chamada ‘forma republicana de governo’, expressão obscura que resistiu a todas as revisões constitucionais (com PS e PSD aliados no mesmo pacto), fórmula blindada à vontade dos portugueses, anti-democrática portanto, e que apenas visa perpetuar um regime e uma casta.
Outro exemplo é o ‘tribunal constitucional’, órgão híbrido, fortemente politizado, último recurso dos interesses de casta quando ameaçados pela justiça.

Se houvesse coragem para emendar estes dois alçapões (duas perversidades legais) já não seria mau. E seria uma injecção de confiança no sistema de separação de poderes.
De seguida, seria preciso desconstruir a armadura processual existente privilegiando a celeridade em desfavor dos excessos de segurança. Ao fim e ao cabo tornar a justiça mais justa.
Eu escrevi, se houvesse coragem… mas não estou a ver os deputados desarmarem um sistema que eles próprios armaram para seu benefício.
Por isso, o melhor é esperar pelo caos… ou por um milagre.

Saudações monárquicas

segunda-feira, novembro 16, 2009

"Não acredito que seja feita justiça no processo Casa Pia"

José Maria Martins tornou-se um advogado famoso ao assumir a defesa de José Silvino, mais conhecido por Bibi, o principal arguido do processo Casa Pia. No mês em que se assinalam sete anos desde que, pela primeira vez, foram tornados públicos os abusos sexuais sobre menores na instituição do Estado, recebe o i no seu escritório na Defensores de Chaves em Lisboa. Polémico como sempre, defende que a juíza responsável pelo processo, Ana Peres, não tem "condições nenhumas neste momento" para continuar à frente do julgamento. O advogado não acredita "com toda a consciência" que algum dia seja feita justiça aos abusadores e às vítimas da Casa Pia - e atira todas as responsabilidades para o Partido Socialista e o "submundo da política que é a maçonaria". Uma obsessão que se repete numa conversa longa e não aconselhável a menores de 18 anos.

Chegados a 2009 qual é o ponto da situação do processo Casa Pia?

Estou céptico, porque a população portuguesa já não acredita no sistema de justiça. Já tive oportunidade de dizer isso à sra. dra. juíza. Ninguém acredita que o processo seja imparcial. São quase cinco anos de julgamento e andamos a marcar passo. Completamente, ao sabor dos interesses políticos do PS.

O que pode mudar?

O Conselho Superior da Magistratura tem de estar lá a apoiar nesta situação. Estou a recordar-me de que juntei ao processo uma cópia da sentença do processo 11 de Março dos tribunais espanhóis, em que houve mais de 400 homicídios em Madrid e quase 2 mil homicídios tentados e o julgamento foi feito em quatro meses, tínhamos organizações criminais por trás, com pessoas a ser julgadas a partir da prisão de Milão. No julgamento da Casa Pia é o poder político que o tem travado, não tenho a mínima dúvida que tem havido pressões sobre os magistrados para não cumprir os prazos, andamos ali, não tem sentido nenhum.

Como têm corrido as audiências, qual o ambiente no tribunal?

O tribunal vai deixando fazer tudo aquilo que é necessário para se prolongar o julgamento. Estar cinco anos a discutir uma acusação contra seis ou sete pessoas com vinte e poucas vítimas, com vinte e poucos queixosos, não é possível, prejudicando os advogados, como eu, que comecei a defender o sr. Carlos Silvino sem cobrar dinheiro, sem honorários. A páginas tantas, aquilo foi-se prolongando, ouvindo as mesmas testemunhas dez, quinze ou vinte vezes...

Como caracteriza a juíza Ana Peres, responsável pelo julgamento?

Ela sabe o que penso dela. Entendo que não tem condições nenhumas neste momento para continuar à frente deste julgamento. Já lhe disse isso directamente. Já ninguém acredita, as pessoas que me contactam todos os dias, e têm sido milhares de pessoas que me encontram na rua, que me conhecem, que sabem que estou ali numa cruzada sozinho contra o poder - as pessoas notam aquilo que eu disse: já ninguém acredita neste processo.

Não acredita que no processo Casa Pia seja feita justiça?

Não acredito. Com toda a consciência, não acredito que seja feita justiça no processo Casa Pia.

Há pessoas que deviam ser condenadas neste processo?

Há, sim.

Quem?

Todas. Todas elas. É claro que isto é um processo político em que o Partido Socialista se envolveu ainda na oposição. O Partido Socialista só consegue isto mesmo na oposição porque domina o submundo da política, que é a maçonaria. É aquilo que, como dizia um dia destes um magistrado, no caso um juiz da Relação, o juiz que é maçon vê-se confrontado com irmãos da mesma loja de grau superior, os mestres, sentados no banco dos réus. É impossível, porque na maçonaria, há códigos e leis próprias entre os irmãos.

Está a acusar o Partido Socialista de proteger a maçonaria?

Sim, sem dúvida nenhuma. Nem que me cortassem o pescoço eu diria o contrário.

Não teme ser processado?

Não, eu fui polícia e combati-os, trabalhei nos tribunais e combati-os.

Como acabou por defender Carlos Silvino, o Bibi?

Estava a defender 11 jovens em Odemira quando o Carlos Cruz foi detido, todos eles acusados de abusos sexuais e foram todos absolvidos. O julgamento estava a decorrer, quando o Carlos Cruz e todos os outros foram detidos. E o sr. Carlos Silvino soube daquilo, falou com o advogado que tinha na altura e ele convidou--me para colaborar. Eram todos jovens licenciados, dois até filhos de deputados do PS.

E está a defender Carlos Silvino ...

Na altura aceitei, com o pressuposto de que já conhecia o assunto. Até porque ele próprio, o Carlos Silvino, também tinha sido vítima de abusos sexuais. Há relatórios de um grande hospital deste país, o Magalhães Lemos, que provam que o Carlos Silvino foi abusado e criou a sua personalidade nesse contexto.

A sua estratégia de colaboração com a justiça não pode acabar por resultar que o único condenado neste processo seja o próprio Carlos Silvino?

Não, só quero ter a consciência tranquila em relação àquilo que a lei me permita que faça. Carlos Silvino quis colaborar - e colaborou. Ainda agora recentemente nós soubemos que o dr. Oliveira Costa vai colaborar no processo do BPN, já foi para a casa, já tem uma pulseira electrónica, qualquer dia vai fora, portanto a colaboração também é uma forma de a pessoa se defender.

Acredita então que Carlos Silvino não vai ser condenado à prisão?

Não disse isso. Pode levar uma pena de prisão até cinco anos, mas suspensa na sua execução.

Suspensa...

Foi isso que pedi. E penso que o Estado foi negligente e estragou a vida a milhares de jovens da Casa Pia, que os meteu naquela enxovia onde os abusos sexuais eram muitos - há várias pessoas já condenadas noutros processos que entretanto foram abertos -, em que há um sistema clássico de antes muito do 25 de Abril em termos mentais, como não havia raparigas, como as escolas nem eram com sexo feminino e masculino, toda a gente estava lá a querer relações sexuais com o outro.

Qual é a relação que tem com as vítimas de pedofilia na Casa Pia. O que pensa destas pessoas?

Penso que são jovens, incluo o Carlos Silvino, porque houve vários jovens da Casa Pia que se referiram a ele, que até lhe perdoaram em julgamento, que disseram que como casapiano também sofreu o mesmo. São crianças e jovens por quem tenho muito respeito e sinto muita pena. Não digo isto com sentido pejorativo, mas porque não têm pai nem mãe. Sendo oriundos de famílias pobres, o Estado quando tomou conta deles devia ter cuidado da sua saúde mental, do seu crescimento, como um bom pai ou uma boa mãe. São jovens marcados, carne para canhão. Os meninos do regime, os ricos, os que tinham relações, iam lá buscá-los, aquilo era um aviário.

Faz uma distinção entre os que abusaram e foram abusados - e os que só foram abusados? O que os distingue, como os caracteriza?

Há vários factores que condicionam o desenvolvimento e a formação das pessoas, entre os quais o grupo, como meio social. Quem cresce no Palácio de Belém com certeza que tem uma ideia do mundo diferente. Quem entra para uma instituição onde o abuso sexual e a violência são a normalidade, cresce como se isso fosse a normalidade. Nos manuais de Psicologia do 10.o ano todos aprendemos a história das crianças-lobo que foram encontradas nas florestas de França do início do séc. XIX, criadas por lobos, que, levadas para Paris, morreram poucos anos depois e nunca se conseguiram socializar. De pequenino é que se torce o pepino - e é mesmo assim. Indo para a Casa Pia, o normal era abusar e ser abusado.

E os abusadores que não viveram na Casa Pia?


Quero que fale sobre os externos, qual é a sua opinião como advogado destas pessoas?


Havia abusadores internos e externos.

Há imensos indivíduos, que são doentes mentais, que entendem que podem ter prazer sexual com crianças pequeninas, com sete, oito, nove, dez anos. Até dias, meses. Têm uma personalidade completamente deformada. São doentes mentais.

E são por isso inimputáveis?

Não, não são inimputáveis. São imputáveis, porque eles sabem perfeitamente o que fazem: querem tirar prazer do sofrimento dos outros.

Há alguém que não está neste processo e deveria estar acusado?

Há. Tenho essa convicção. Fui polícia no Parque Eduardo VII, na esquadra, na 21a, de Julho de 1982 até Outubro de 2003, quando deixei a PSP e comecei a frequentar a Faculdade de Direito. Encontrei lá de tudo, miúdos da Casa Pia...

Contaram-me uma história de que chegou a puxar da pistola...

Nós fazíamos patrulha da 1 às 7 da manhã, por exemplo, fiz muitas vezes isso e encontrávamos sempre muitos miúdos que os homossexuais chamavam "arrebentas", miúdos pobres, geralmente pobres, e havia crianças também, novinhas, de 11, 12, 13, 15 anos, de várias instituições da Casa Pia que, como patrulheiro, com outro colega, quando as apanhávamos, levávamos para a esquadra, contactávamos as instituições - as chefias, não eu. Depois eram encaminhados. Nunca houve um caso... Muitos casos, um polícia no Parque Eduardo VII à noite é confrontado com muitos casos, desde a homossexualidade normal, a vida é assim, até crianças vítimas de abusos de indivíduos completamente tarados, dementes, que não sabem o que é respeitar as crianças. Situações degradantes, de miséria, [crianças] a precisar de comprar as coisas mais banais.

Como viu o desfecho do caso Paulo Pedroso?

Toda a gente sabe que o meu cliente disse que o Paulo Pedroso é culpado.

E acredita no seu cliente?

Tenho de acreditar no meu cliente, se não acreditasse não o estava a defender. Mas há factos objectivos, há pessoas que o conhecem, há dados concretos de que o dr. Paulo Pedroso em 1991, pelo menos, estava a fazer entrevistas a miúdos da Casa Pia, o que ele sempre desmentiu até eu o ter confrontado com o seu próprio livro, que conseguimos descobrir e que apresentei no processo. Portanto, o dr. Paulo Pedroso terá feito na Casa Pia mais de 700 entrevistas. Estas coisas começam a bater certo com o que os miúdos dizem, as datas, 1991, 1992. O meu cliente sempre confirmou que o viu, descreveu até a camisa, as calças, quando foi, numa reunião na Casa Pia.

E se o dr. Paulo Pedroso lhe tivesse pedido para o representar como advogado no processo Casa Pia?

Se ele na altura me tem falado não teria problema em defendê-lo, depende da perspectiva que ele quisesse tomar no processo, porque um advogado não é obrigado a defender ninguém que não esteja de acordo com a estratégia de defesa. Se Carlos Silvino não tivesse colaborado eu não o defendia. Não tenho nada de pessoal contra ninguém, os advogados não podem ser damas de honor, não recebem sempre gente inocente.

Mas o senhor falou do espírito de cruzada que o alimenta como advogado...

A partir do momento em que defendo o Carlos Silvino, vejo todo um sistema político em relação à Casa Pia, que todos nós pagamos porque é do Estado. Se o meu cliente aceita colaborar com a justiça, a partir dali tenho de vestir a pele do cliente. Claro que um advogado também defende causas injustas.

Quem mais devia estar sentado no banco dos réus da Casa Pia?

Várias pessoas.

Ligadas ao PS?

Também. E a outros partidos. Outras pessoas que deviam lá estar e não estão.

Mas durante o julgamento falou da influência do poder político?

Os miúdos falaram do PS. Não sei porque não falaram de outros. Agora, o que os partidos não podem fazer é uma troca de cromos. O que o PS fez foi atacar o PSD e fazer publicar no "Le Point" um artigo em que atacava dois ministros do PSD. Se alguém do PS, CDS ou de outro partido tem informações, que as denuncie. Agora, manobras de bastidores? O PS utilizou a estratégia de "la attention", que foi a mesma que a CIA utilizou em Itália - fazendo atentados, matando pessoas e imputando ao Partido Comunista as culpas, como lembra a história.

É hoje mais próximo do PSD?

Não. Estive 22 anos no PS. E saí em divergências quanto à linhas políticas para a justiça e para a PSP. Mandei entregar uma carta de sete ou oito páginas à Presidência do Conselho de Ministros.

Voltando ao caso Casa Pia. Psicologicamente, como está o seu cliente?

Passaram sete anos. Está reformado, Vive com uma pensão do Estado. Vive preso com a protecção policial que lhe foi imposta desde que saiu da prisão.

Está deprimido?

É um homem que nunca teve infância, juventude, nem velhice...

E os outros acusados no processo?

Não me quero meter nisso, mas o Carlos Cruz saberá muita coisa. Este processo só se manteve assim porque há fortes pressões políticas para abafar isto.

O advogado de Carlos Cruz - Serra Lopes - não é propriamente uma pessoa próxima do PS. Houve um episódio que ficou célebre, quando usou termos menos próprios...

Tenho uma relação razoável com ele. O que disse na altura foi o que pensei. E mantenho o que disse.

Foi processado?

Sim. E fui condenado. Paguei uma multa.

Já passaram sete anos desde o início do processo. Como está hoje o ambiente no tribunal?

Toda aquela gente é igual e o único que está a tocar um instrumento diferente sou eu. E eu não sou vendável nem manobrável. O sistema movimentou-se todo.

O Ministério Público poderia ter feito melhor no início da investigação?

Podia ter feito muito mais. Mas o Ministério Público não tem de estar do meu lado, não quero nenhum favor, tem é de ser imparcial.

Os métodos de investigação deviam ter sido outros?

Não podiam porque o poder político movimentou-se sobre a Polícia Judiciária e o Ministério Público. E tentou, de uma forma mortal, castrar a investigação e mesmo o juiz Rui Teixeira. Hoje, o que os portugueses esclarecidos podem ver é um sistema igual ao da ditadura. Não há diferença nenhuma.

Que pode ser feito contra isso?

Só quando os portugueses tiverem coragem para responder. O PS está a destruir completamente o Estado de Direito. E não há forças que se oponham porque o PSD está fragilizado. Temo uma revolta popular. O Estado vai mantendo esta paz podre com subsídios e inserção social.

Como vê este novo caso das escutas. E o processo Face Oculta?

O primeiro-ministro só pode ser escutado se houver uma ordem do Supremo. Mas se ele for escutado noutra conversa, isso não pode constituir base para crime. Não pode ser. O PS alterou a lei para se proteger, é pior que o Berlusconi. É uma impunidade total. José Sócrates, que ninguém conhecia, está a tornar Portugal uma aldeia da Idade Média.

Quando espera a decisão do tribunal? E o prazo?

O Estado português está há três anos a pagar a juízes que só estão neste processo. São despesas brutais. Mas vou esperar pela decisão.

Quanto já lhe custou todo este processo?

Não tenho números, não faço essas contas. Financeiramente custou muito mas também há prazeres no meio de tudo isto. Adoro lutar contra o poder. Fui formado numa família muito religiosa, fui funcionário público, fui polícia. Aprendi a lutar contra tudo isto. Estive no caso da Dona Branca, nas FP-25...

Como olha para a reforma do processo penal?

Foi uma reforma que resultou da necessidade de o Partido Socialista ter de travar o processo Casa Pia. O PSD e o CDS na altura foram a reboque, talvez porque tivessem também telhados de vidro. O mal não está todo no Partido Socialista, como é óbvio, está no sistema e na mentalidade dos políticos, que há uns anos não eram nada e hoje têm tudo.

E qual é a sua opinião sobre o actual procurador-geral da República, Pinto Monteiro?

O procurador-geral da República foi nomeado pelo PS e eu entendo que não deveria estar na Procuradoria. Não é normal que um procurador-geral diga que está a ser escutado, não é normal ter o comportamento que teve no processo Face Oculta. O procurador é sempre, foi sempre, um homem do sistema.

E sobre o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto?

É um homem do PS e nunca o vi defender ninguém em julgamento. Sempre que o oiço falar é a falar a favor do Partido Socialista.

Preferia os antecessores de Marinho Pinho, nomeadamente José Miguel Júdice?

É óbvio que o dr. José Miguel Júdice foi o pilar da estratégia do Partido Socialista no processo Casa Pia. A Ordem dos Advogados dominou o caso todo, através do dr. José Miguel Júdice. Funcionou no processo como o pivô de toda a trama.

Ainda em relação à influência do poder político na justiça de que tanto fala, não lhe parece que a sua cruzada é um bocado inglória?

Como advogado, tenho ambições de ordem privada e de ordem pública. Qualquer advogado tem deveres para com o Estado português, a comunidade e a Ordem, além dos interesses do cliente.

Como lida ou lidou com a carga mediática que lhe trouxe o caso?

Fui-me habituando, fui percebendo a vossa função. Fui-me adaptando.

Teve retorno pessoal de tudo isto?

Apareceram-me processos em catadupa, mas só podemos trabalhar enquanto podemos, enquanto temos tempo e acabei com menos clientes do que tinha.

Como é que de repente aparece no semanário "Expresso" como o possível advogado de Saddam Hussein, o ex-ditador do Iraque?

Saddam Hussein era o melhor aliado dos Estados Unidos e de Portugal, que também lhe comprava armas. Os Estados Unidos usaram Saddam Hussein, armaram-no com armas químicas, bacteriológicas, aviões, para derrotar o Irão. Foi uma marioneta nas mãos dos Estados Unidos, as armas que usou para matar os inimigos eram americanas. Quando os Estados Unidos invadem o Iraque à procura de petróleo e prendem Saddam, formou-se um movimento em todo o mundo de juristas para tratar da sua defesa e convidaram-me para fazer parte. Fui contactado, como já fui para outros lados. Saddam Hussein devia ter direito a um processo justo.

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.Transcrevemos, com a devida vénia, uma entrevista da autoria de Carlos Ferreira Madeira, publicada no jornal "i", em 14 de Nov de 2009.



quinta-feira, novembro 12, 2009

Lavandaria república – próximas barrelas

Vamos lá adivinhar quais serão os programas de lavagem previstos para os próximos dias: -

1. Distrair o pagode com novos episódios sobre o ‘casamento entre pessoas do mesmo sexo’. Insistir na discriminação, obscurecendo assim a perceptível discriminação das leis penais, onde já existe investigação de primeira e segunda classe, e se projecta um ‘foro (tribunal) especial’ apenas destinado à classe política.

2. Prosseguir nos ataques à Igreja Católica, e se preciso for, sustentar que o pretenso casório, não sendo à partida fértil, também não interfere com uma política de natalidade que se quer progressista, socialista e moderna. Qual?! Basta importarmos garanhões ou sementais com provas dadas nas várias regiões do planeta actualmente sobrelotadas, e a questão demográfica fica resolvida.

3. Distrair o pagode com doses maciças de futebol, muita selecção, muito Benfica, e enfoque especial no drama nacional chamado - ‘Sporting sem treinador’.

4. Pôr os ‘tarecos’, cada vez menos fedorentos e cada vez mais situacionistas, a dizerem graças sobre a ‘justiça à portuguesa’, que é uma forma de relativizar o assunto e eles sabem bem o que hão-de dizer… e não dizer.

5. Programar já o ‘Prós e Contras’ da próxima segunda-feira para debater o caso das escutas ao primeiro-ministro, se devem ou não valer, se devem ou não ser destruídas, porque a Dona Fátima (que está transformada numa espécie de Dona Maria) sabe bem quem há-de convidar. Palpita-me que serão convidados o incontornável Júdice e o Marinho bastonário, antigos defensores de mais garantias para os arguidos da Casa Pia, e actuais defensores do formalismo das leis, ou seja, escutas sem a devida autorização, digam o que disserem, lixo.

A lavagem prevista, com mais skip menos skip, deve andar por aqui. São muitos anos de enxovia.


Saudações monárquicas

quarta-feira, novembro 11, 2009

Escutas, deixa-me rir

Estou, é das escutas? Olhe, é para dizer que já podem começar a escutar-me.
Mudaram a lei e agora existem três personagens insuspeitos: - o PR, o PAR, e o PM. Só podem ser escutados mediante autorização prévia do presidente do STJ, que nestas circunstâncias passa a tutelar o processo de investigação. Portanto, por aqui, nem vale a pena irmos mais longe. A anedota inicial, ainda que posta ao contrário, corresponde à realidade.
O pior são as outras investigações, aquelas que podem ‘apanhar’ algum dos três insuspeitos em conversas suspeitas! Aqui tudo se complica (ou facilita) consoante a perspectiva ou os interesses em causa.
Certo, certo, é que aquilo que os ‘insuspeitos’ disserem ao telefone, e for escutado, só poderá ser validado se acontecerem vários milagres ao mesmo tempo!
Primeiro milagre – o investigador adivinha que o investigado vai telefonar a um dos ‘três insuspeitos’.
Segundo milagre – movido pelo palpite o investigador tem de obter autorização do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça para efectuar a hipotética escuta.
Terceiro milagre – o presidente do STJ autoriza a escuta;
Quarto milagre – o investigado telefona mesmo, na data e hora previstas, e dentro do prazo da autorização;
Quinto milagre – um dos ‘insuspeitos’ atende o telefone;
Sexto milagre – o teor da conversa é considerado relevante pelo presidente do STJ, caso contrário a escuta é destruída e não aproveita a ninguém.
Sétimo milagre – o leitor conseguiu chegar até aqui.

Conclusão: Protejam-se lá uns aos outros mas não brinquem com os portugueses.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Não lhes toquem, por favor

Eu sei que é triste, pouco ético, mas peço-vos a todos, polícias, ministério público, magistrados, e muito especialmente à comunicação social (por causa do bom nome) não lhes toquem, não os acusem de nada, não os pronunciem, e evitem sobretudo a expressão - arguido. A expressão e a constituição.
Porquê?
Explico: - assim como assim, não vai dar em nada e ainda temos (o Estado, nós!) que lhes pagar uma choruda indemnização. Além das despesas de reabilitação! Uma conta calada. Lembrem-se de quanto nos custou (e custa) o processo da Casa Pia! E a reabilitação do Pedroso e companhia?! Até foi preciso mudar de governo!
Por isso, meus amigos, façam como eu, entretenham-se com os escândalos do futebol, e deixem essa malta em paz e sossego. Mas atenção, não puxem muito o cordel do futebol, porque pode vir algum deles atrás. E vamos ter problemas outra vez.
Ah, querem saber quem é ‘essa malta’?! Pois, não posso revelar, mas vou-lhes dar uma pista: - olhem para a primeira fila nas próximas comemorações do centenário da república.

Saudações monárquicas

terça-feira, novembro 03, 2009

“Os intocáveis”

Com a devida vénia publicamos um artigo do jornalista Mário Crespo, que (em minha opinião) retrata o país que somos e o regime que suportamos:

“O processo Face Oculta deu-me, finalmente, resposta à pergunta que fiz ao ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - se no sector do Estado que lhe estava confiado havia ambiente para trocas de favores por dinheiro. Pedro Silva Pereira respondeu-me na altura que a minha pergunta era insultuosa.

Agora, o despacho judicial que descreve a rede de corrupção que abrange o mundo da sucata, executivos da alta finança e agentes do Estado, responde-me ao que Silva Pereira fugiu: Que sim. Havia esse ambiente. E diz mais. Diz que continua a haver. A brilhante investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária de Aveiro revela um universo de roubalheira demasiado gritante para ser encoberto por segredos de justiça.

O país tem de saber de tudo porque por cada sucateiro que dá um Mercedes topo de gama a um agente do Estado há 50 famílias desempregadas. É dinheiro público que paga concursos viciados, subornos e sinecuras. Com a lentidão da Justiça e a panóplia de artifícios dilatórios à disposição dos advogados, os silêncios dão aos criminosos tempo. Tempo para que os delitos caiam no esquecimento e a prática de crimes na habituação. Foi para isso que o primeiro-ministro contribuiu quando, questionado sobre a Face Oculta, respondeu: "O Senhor jornalista devia saber que eu não comento processos judiciais em curso (…)". O "Senhor jornalista" provavelmente já sabia, mas se calhar julgava que Sócrates tinha mudado neste mandato. Armando Vara é seu camarada de partido, seu amigo, foi seu colega de governo e seu companheiro de carteira nessa escola de saber que era a Universidade Independente. Licenciaram-se os dois nas ciências lá disponíveis quase na mesma altura. Mas sobretudo, Vara geria (de facto ainda gere) milhões em dinheiros públicos. Por esses, Sócrates tem de responder. Tal como tem de responder pelos valores do património nacional que lhe foram e ainda estão confiados e que à força de milhões de libras esterlinas podem ter sido lesados no Freeport.

Face ao que (felizmente) já se sabe sobre as redes de corrupção em Portugal, um chefe de Governo não se pode refugiar no "no comment" a que a Justiça supostamente o obriga, porque a Justiça não o obriga a nada disso. Pelo contrário. Exige-lhe que fale. Que diga que estas práticas não podem ser toleradas e que dê conta do que está a fazer para lhes pôr um fim.
Declarações idênticas de não-comentário têm sido produzidas pelo presidente Cavaco Silva sobre o Freeport, sobre Lopes da Mota, sobre o BPN, sobre a SLN, sobre Dias Loureiro, sobre Oliveira Costa e tudo o mais que tem lançado dúvidas sobre a lisura da nossa vida pública. Estes silêncios que variam entre o ameaçador, o irónico e o cínico, estão a dar ao país uma mensagem clara: os agentes do Estado protegem-se uns aos outros com silêncios cúmplices sempre que um deles é apanhado com as calças na mão (ou sem elas) violando crianças da Casa Pia, roubando carris para vender na sucata, viabilizando centros comerciais em cima de reservas naturais, comprando habilitações para preencher os vazios humanísticos que a aculturação deixou em aberto ou aceitando acções não cotadas de uma qualquer obscuridade empresarial que rendem 147,5% ao ano. Lida cá fora a mensagem traduz-se na simplicidade brutal do mais interiorizado conceito em Portugal: nos grandes ninguém toca.”

Mário Crespo - (JN de 02Nov09)