quarta-feira, setembro 30, 2009

A asfixia

É uma história de ficção, tudo começa numa casa que recolhe órfãos e desvalidos. A notícia de um escândalo de pedofilia abala um pequeno país, habituado a acreditar no regime e nos seus dirigentes. Que afinal não eram puros e castos como se pensava, e as ‘escutas’ evidenciaram.
Como foi possível acontecer?! – Perguntavam uns.
Como foi possível saber-se?! – Perguntavam outros.
Uma jovem jornalista, menos avisada, tinha puxado o novelo e veio tudo atrás. Um jovem juiz, menos avisado, deteve um político!
A partir daqui desenrola-se a acção – era preciso proteger o regime e os seus altos dignitários a qualquer preço. E assim foi.
Convocaram-se eleições mesmo com uma maioria no parlamento. A comunicação social deu uma ajuda, e foi designado um governo com incumbências específicas: - controlar a justiça e o jovem juiz foi parar à prateleira; controlar o serviço de informações e o serviço de informações foi parar ao bolso do primeiro-ministro; controlar a comunicação social, ao menos no período das eleições. E isso foi conseguido – o incómodo telejornal de uma televisão privada foi silenciado.
Cumprida a missão, à custa de sangue, suor e lágrimas, mas especialmente do endividamento do erário público, era absolutamente vital voltar a ganhar as eleições, pois havia (e há) muita coisa para esconder, uma série de suspeições e processos para arquivar.
A crise económica internacional deu uma ajuda – permitiu aprofundar o papel de ‘pai natal’, tão ao gosto de um governo que fabrica pobres para depois os subsidiar!
Mas as sondagens davam um empate técnico. Era preciso fazer mais qualquer coisa – e lá veio a rábula das ‘escutas’, as pressões sobre o presidente, a pata na poça…
Não sei como esta história vai acabar, mas duvido que tenha um final feliz.

terça-feira, setembro 29, 2009

Belém ensaia missil de longo alcance!

Numa comunicação surpreendente, 'chamando os bois pelos nomes', Cavaco Silva arrasou governo e partido socialista, dando razão a todos aqueles que se queixam da asfixia democrática. Os comentadores de serviço, normalmente tão afoitos, estavam confusos, não perceberam o conteúdo da mensagem.

Os partidos reagiram à sua maneira - os comunistas tocaram no essencial, no fosso quase intransponível entre São Bento e Belém. O Bloco de Esquerda, qual menino de coro, achou lamentável! O CDS passou ao largo, não quis nem quer chamuscar-se. O PSD produziu a declaração mais inteligente da noite - lamentou apenas que Cavaco não tivesse falado mais cedo. Para esclarecimento dos eleitores. O PS manteve-se mudo durante tempo demais. Silva Pereira tentou rebater a intervenção presidencial, mas nem os indefectíveis convenceu.
E os dados estão lançados, Cavaco atravessou o Rubicão.
É preciso reabilitar a política, moralizar o país, dar esperança às pessoas. Uma pedrada no charco não chega.
Estamos fartos de mentiras.
E por falar em mentiras, adivinhem qual era notícia do dia?! A candida procuradora anda no encalço dos submarinos... do Portas!
Nem de encomenda!

segunda-feira, setembro 28, 2009

Escutas e inventonas

Curiosidade, coincidência, e se Cavaco cumprisse a promessa de falar ao país sobre o caso das escutas, um dia depois das eleições? O que sucederia?
Justamente hoje, aniversário de um outro 28 de Setembro, o de 1974, o princípio do fim do primeiro presidente desta terceira república - o general Spínola!
Tudo começou com uma manifestação convocada por alguns partidos de direita para apoiar Spínola, impotente para travar a escalada de comunistas e afins. E que estavam desejosos de entregar as colónias portuguesas aos seus amigos soviéticos. À boa maneira leninista, a manifestação foi rápidamente aproveitada para um golpe de esquerda, baseado numa 'inventona' - a invenção de que a 'reacção' (o clássico inimigo imaginário) preparava a contra revolução!
O resto sabe-se - Spínola resignou e a esquerda apoderou-se definitivamente do aparelho de estado executando então a famosa 'descolonização exemplar'! Timor incluído, e incluído também o tardio arrependimento socialista!
Valeram entretanto os 'Comandos' de Jaime Neves para, no 25 de Novembro de 1975, reporem alguma ordem no país e evitarem uma guerra civil. Porque a ideia comunista era transformar Portugal num paraíso albanês!
Mas, regressemos à pergunta inicial - que sucederá quando Cavaco Silva vier explicar o que de facto se passou (ou não passou) no caso das escutas?!
Porque das duas uma - ou trata-se de uma inventona com origem em Belém; ou há mesmo fumo e fogo e então o caso é gravíssimo, pondo mesmo em causa, a formação do próximo governo.
A ver vamos.
Foi por tudo isto que me lembrei do 28 de Setembro.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Votar na direita

Esquerda e direita, não fujo à questão, digo apenas que votar na direita é uma tarefa difícil em Portugal!
Por várias razões. Desde logo por causa da propaganda mentirosa da esquerda que chama direita a tudo aquilo que não gosta ou acha que está torto! São mais de trinta anos de propaganda, asfixiante, quase totalitária.
Uma segunda razão, que decorre directamente da primeira, e pontua todas as outras, assenta no medo que aquela propaganda provoca num povo timorato, assustadiço, e com longo historial de adesivo.
Por isso a direita portuguesa tem andado escondida, onde pode, e vai vestindo algumas fatiotas que notoriamente não lhe servem. Pior, assim desposicionada, desfigura completamente o leque partidário, confunde e confunde-se, e sem querer, dá razão à caricatura que a esquerda inventou para si.
Ultimamente, timidamente, ouvem-se algumas vozes que se afirmam de direita, mas de conteúdo e origem suspeitas.
A ver se nos entendemos – a direita não é social-democrata; nem centrista; no primeiro caso porque (a direita) não é de esquerda; no segundo caso, porque a direita não é liberal.
A direita também não é racista ou xenófoba, terminologia de esquerda para escamotear a verdade – a direita é nacional, no sentido em que se responsabiliza pelo presente e futuro dos portugueses. Por isso tem prioridades – resolve primeiro os problemas internos. Um exemplo – a direita quer acabar com a insegurança em Portugal, e só depois se abalança a tentar resolver os problemas de segurança no Afeganistão.
Mais, a direita é abrangente, não renega o passado, e ao contrário da esquerda, não se envergonha da história, considera portanto que são portugueses ‘todos aqueles que se deixaram tocar pela aventura da descoberta’, ou seja, todos aqueles que querem ser portugueses.
A direita tem uma ideia séria sobre o Estado, uma ideia de serviço e não de emprego para familiares e amigos. Por isso responsabiliza os funcionários públicos e premeia o mérito. Acha, por exemplo, descabido que numa altura de crise generalizada, com o desemprego a subir em flecha, que aqueles que têm o posto de trabalho garantido, se dêem ao luxo de reivindicarem seja o que for! Que seria pago com os impostos de todos. E sem qualquer benefício para a comunidade.
O mesmo se diga das obras faraónicas, construídas com o suor da escravidão! E que outro nome têm os imigrantes que nelas trabalham?! Sem quaisquer garantias e que sobrevivem amontoados num contentor?! Não, a direita não constrói pirâmides nos tempos modernos.
A direita não privatiza os serviços que cabem na vocação do estado – saúde, justiça, forças armadas e de segurança. Mas porque reconhece os seus limites (coisa que a esquerda não faz ideia) nunca renegou alianças estratégicas com as instituições históricas, emanadas do povo, e que moldaram esse mesmo povo. Por isso a direita apoiou sempre as Misericórdias. Não as nacionalizou para as destruir ou domesticar em função de interesses ideológicos ou particulares. Nessa tentação caiu a esquerda.
A direita toma a Igreja Católica por aliada, e não a diminui. Muito pelo contrário, reconhece a sua importância no ensino, na saúde, na caridade.
A direita tem valores que a distinguem da esquerda – é pela vida; é pela tradição. E ser pela tradição significa respeito pelo saber acumulado. Respeito pelo passado para que possamos amanhã (quando formos passado) ser também respeitados.
Neste sentido a direita não é estúpida, não tem a presunção de fundar Portugal todos os dias. Nem quer descobrir a pólvora.
Finalmente a direita quando é governo não estimula as causas fracturantes, prefere estimular a coesão nacional.
Terá então a direita a chave para resolver a crise?
Não sabemos. Sabemos apenas que a esquerda, que há trinta anos domina os órgãos do estado, não tem condições para tal.

Posto isto, haverá algum partido de direita onde possamos votar no próximo Domingo?

Chefia de estado independente, precisa-se

Prisioneiro dos partidos, porque deles provém e só com o seu favor se candidata, o chefe de estado republicano acaba de interferir de maneira decisiva na campanha eleitoral. Mesmo que não quisesse fazê-lo, os partidos, omnipotentes e tentaculares, têm sempre a possibilidade de o chamar a terreiro para cobrar a factura da sua eleição. E como no horizonte se perspectiva nova eleição presidencial, o presidente, à semelhança do país político, não tem outro remédio senão andar em permanente campanha eleitoral. Com todas as consequências para a sua própria credibilidade e imagem. Isto não é bom para Portugal.
Como bem diz o Duque de Bragança, estes episódios das escutas, que mancham de suspeição (todas) as instituições políticas, não acontecem nas monarquias europeias. Porque insistimos então num modelo ideológico que na prática não funciona?! A quem serve afinal este regime?!
E a questão volta a colocar-se - que vamos nós comemorar no 'centenário da república?!
.
. Saudações monárquicas.

quarta-feira, setembro 23, 2009

Lixeira a céu aberto

Por mais aterros sanitários que se façam ele aparece por todo o lado! Mal coberto, vem à superfície e revela misérias, novas e antigas, e quando não se vê deixa o cheiro pestilento. Em se tratando de época eleitoral é pior. O país reduz-se então a um enorme eco-ponto onde cabe quase tudo. O presidente desta república do lixo dá o exemplo - mexe e remexe de acordo com as conveniências da lixeira (porque a lixeira também tem as suas conveniências) e nesse afã não poupa amigos e correlegionários! No lixo vale tudo.
Do outro lado da lixeira, na zona dos plásticos, agitam-se alguns detritos flutuantes, triunfantes porque ficaram momentânea e aparentemente por cima. É assim a vida do lixo.
O melhor é ficar por aqui, longe das urnas, por causa dos salpicos. Eu disse urnas, mas pensei em contentores... do lixo.

terça-feira, setembro 15, 2009

Farto de Manuelas

Aparecem com ar de novidade, como se aqui aterrassem pela primeira vez, mas nunca de cá saíram, andaram sempre por aí, e a receita é a mesma – produzir e poupar. Uma boa receita, pena que sejam (sempre) os mesmos a pagar a conta.
Ah, mas é melhor que Sócrates, dizem. Não sei. Ambos mentem. Sócrates prometeu baixar os impostos e não fez outra coisa senão aumentá-los! Nem os reformados escaparam. Manuela afirma que é a seriedade em pessoa, e agora é ela que promete não aumentar os impostos. Mas no seu discurso só fala de dívidas, dívidas que temos que pagar. Já agora com que dinheiro?! Com o dela não é certamente. Por outro lado ninguém se esquece do episódio das acções do Benfica – que serviram para pagar dívidas fiscais! Papéis sem qualquer valor, uma cedência ao popularucho, a dama de latão no seu melhor.
Mas aquilo que mais os identifica, chefes de fila que são de dois partidos iguais, é esta querela castelhana!
Um, por causa do TGV, a outra, por causa do Santander, acusam-se mutuamente de estarem ao serviço dos espanhóis. E desta vez, provavelmente, têm ambos razão.
Para desespero do país.

Saudações monárquicas.