sábado, março 29, 2008

E Chaimite ali tão perto…

O corrector de texto não conhecia Chaimite, assinalou o erro, e foi preciso acrescentar ao dicionário a pequena povoação onde o Gungunhana, poderoso Régulo dos Vátuas, foi submetido por Mouzinho de Albuquerque! Acabava ali a rebelião que ameaçava Lourenço Marques e a própria soberania portuguesa em Moçambique. Tempos heróicos, e de apressada colonização, numa época em que as grandes potências europeias olhavam com cobiça o continente africano, em geral, e as colónias portuguesas em particular. Por causa disso, mas sobretudo por causa delas, sustentou-se o patriotismo popular, acusaram-se inocentes, ensaiaram-se revoluções… Passaram mais de cem anos entretanto, e entretanto enfrentámos outra guerra, provavelmente pelas mesmas razões que levaram Mouzinho a Chaimite, mas os tempos mudaram tanto que as vontades nem se reconhecem!
De visita a Moçambique, onde cumpriu serviço militar, está o Presidente Cavaco Silva numa romagem que acredito de saudade mas também de tristeza face aos sinais de miséria que se espalham por toda a parte e que o protocolo dos sorrisos oficiais não consegue disfarçar. O próprio Eusébio, que integrou a comitiva, não escondia a sua decepção, enquanto procurava nos terrenos perdidos da sua infância, a Mafalala onde aprendeu a jogar à bola! Contente e esfusiante, como se fizesse parte de outro filme, só a senhora Cavaco! E eu fico confuso, pois não sei se hei-de achar graça ou se tenha pena, por aquele voluntarismo todo, há ali qualquer coisa que não bate certo, artificial, e que se repete nestas visitas presidenciais! Um indisfarçável sentimento de perca e por isso me lembrei de Chaimite.

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