quinta-feira, setembro 08, 2005

O "p d i"

A sigla, originalmente do género feminino, esconde uma expressão inofensiva, quase sempre pronunciada a meia voz, para significar a saudável aceitação dum facto natural – o envelhecimento.
“O pavor da idade” é outra coisa!
Está na ordem do dia, domina as preocupações do homem do Ocidente, o tal que se reclama do humanismo primordial, com mandamento e versículo genético incluído: “O homem criou deus à sua imagem e semelhança”!
Bonito serviço! Não admira que se tenham tornado ateus!
Eu, neste ponto, estou com o homem das cavernas, que percebeu logo que o Criador não podia ser ele, e foi nessa evidência, que encontrou, afinal, o estímulo para o seu aperfeiçoamento.
Mas voltemos ao pdi, porque a coisa não está fácil.
Se nascer e morrer, com a descoberta de novos direitos e não direitos, se tornou tarefa bastante difícil, envelhecer, é um autêntico inferno!
E nem é tanto a questão do habitual declínio físico, que sempre se vai aguentando; refiro-me à atitude das “criaturas – criadoras” ou “criadoras – criaturas” (para eles, a ordem dos factores é arbitrária), que por certo descontentes com a sua obra, resolvem implicar com os outros!
Lembrem-se as preocupações com a idade do anterior Pontífice, que essa gente achava que se deveria reformar, e ser abatido ao efectivo!
A recente apresentação da candidatura de Mário Soares, que passou mais de metade do seu discurso a tentar justificar e garantir que ainda estava dentro do prazo de validade!
A concepção Socrática sobre o “peso” da idade no plano Orçamental, descobrindo para isso uma solução de rejuvenescimento obrigatório, no caso de ser funcionário público!
Enfim, os exemplos de que o envelhecimento é uma doença socialmente perigosa, são inúmeros!
Nestas condições e atendendo a que já tenho mais passado que futuro, estou tentado a emigrar para África ou para o Oriente, lugares onde o envelhecimento é respeitado, é considerado fonte de sabedoria, e onde se pode ainda nascer e morrer descansado!

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