quinta-feira, junho 25, 2015

Portugal e a Grécia

‘Não somos a Grécia’ é a frase que resolve actualmente os nossos problemas de consciência. Mas a frase não é feliz. De facto não somos a Grécia, ficamos na outra ponta da Europa, temos outra geopolítica, mas temos algumas coincidências pouco abonatórias. Por exemplo, ambos organizámos certames desportivos megalómanos e ruinosos. Nós, o campeonato da Europa dos estádios vazios, eles, os jogos olímpicos à grande e à grega, migalhas de um novo-riquismo sem sustentação na realidade. E esta é uma semelhança que se mantém na mentalidade vigente e que podemos resumir noutra frase - querer tudo e não querer pagar nada por esse tudo!

Mas há diferenças para a Grécia! Porém nessas diferenças ficamos mal na fotografia. A Grécia entrou para a união europeia, e mais tarde para o euro, sem segundas intenções nem enganos – era pobre, não tinha condições para aderir. Em nome de uma pretensa identidade europeia os estados ricos forçaram a sua entrada e é o que se vê. Quanto a Portugal o nosso súbito europeísmo deveu-se às más razões que vamos atirando para debaixo do tapete! Por pura cobardia abandonámos as colónias à sua sorte e com medo de cair numa deriva cubana caímos nos braços da união europeia! A partir daqui foi a fuga em frente! Aderimos e aceitámos tudo – o euro, sem ter condições para tal, a perda total da independência e o mais que se verá!

Ninguém foge ao seu destino, começámos com frases, acabamos com uma frase de humor: - "Grécia pode voltar à dracma mas Portugal continuará com o kuanza”.*

Saudações monárquicas



*) Lido no ‘Inimigo Público’ de 19/6/2015

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