terça-feira, abril 21, 2009

Detector Vital

Nasci com um aparelho incrustado no sangue, algures entre o coração e a memória, aparelho esse que permite detectar imediatamente franco-maçons, vulgarmente designados por ‘laicos, republicanos e socialistas’. Assim, mal um desses alienígenas entra no raio de acção ou campo magnético do meu aparelho, ele começa logo a apitar.
E não se julgue que apita por tudo e por nada! Não senhor, é instrumento fiável que distingue perfeitamente as várias patentes, ou seja, não confunde soldados rasos com generais.
Isto vem a propósito do programa de ontem sobre as eleições europeias.
Pois bem, sentei-me inadvertidamente à frente da televisão e quando a câmara fixou o candidato socialista, uma legenda invisível avisou-me imediatamente: - atenção, traço ponto traço, ‘republicano laico’ à vista. Havia lá outros, mas o aparelho só se interessou por este. E com razão! Cada frase, cada intervenção obedecia a um fito programado, a léguas do que ali se debatia, e o aparelho não se calava!
Apitou quando se falou da ética – ‘então não me diga que não sabe que o país da ética republicana é a França!’ – gracejou o Vital explicando que nesse país se pratica a duplicidade nas candidaturas… uma forma de enganar os eleitores, explicou o meu aparelho. Apitou quando o mesmo Vital se entusiasmou com a ‘constituição (napoleónica) europeia’, em nova e irreprimível declaração de amor pela pátria francesa!
E não apitou mais porque eu desliguei a televisão.
No final e como sempre faz nestas situações, o aparelho emitiu um pequeno relatório, tipo saldo de conta: - ‘temos a república afrancesada (e jacobina) que merecemos e só nos livraremos dela quando a França se livrar da sua revolução (e do seu Napoleão) ‘.
Rima e é verdade.

Saudações monárquicas

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