terça-feira, janeiro 08, 2008

Se eu fosse ele…

Se eu me chamasse Sócrates, se fosse primeiro-ministro de um país a fingir, se nesse mesmo país fosse apoiado por uma larga maioria de socretinos, que só pensam no umbigo porque é esse o exemplo que recebem de cima, se eu fosse mais esperto do que sou, e se a minha ambição pessoal fosse maior do que aquela que me esforço por transparecer, então… eu era bem capaz de surpreender tudo e todos e cumprir a minha palavra! Sim, eu que me afirmo provinciano, mas que adoro ser lisboeta, ou como é uso dizer-se, cidadão do mundo, eu que cultivo a imagem como ninguém, eu que assumo um ar moderno mas que nunca perco de vista a receita da longevidade, neste triste país que ainda não esqueceu o velho chanceler, então… amanhã, eu confirmaria o referendo para o tratado europeu! Num golpe de mestre haveria de me isolar, descolando a concorrência, e o bom povo português reconheceria enfim que sou bastante mais fiável que outros, que mudam de opinião como o vento! E que afinal é firmeza aquilo a que muitos chamam teimosia! Paciência pá, desta vez não te acompanho, mas não te preocupes, perante a ameaça de corte nos fundos comunitários eles não pensam duas vezes, votam sim concerteza. E se não votarem, vocês aí em Bruxelas também não se atrapalham, hão-de arranjar uma saída qualquer. Enquanto houver dinheiro, claro.

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