segunda-feira, dezembro 31, 2007

Mensagem aos Romanos

Peço-vos que acreditem, que tenham fé na vida eterna, porque só assim podereis valorizar as vossas vidas, só assim haveis de evitar que numa esquina traiçoeira ou numa viela sombria, por uma ninharia, cheguem ao fim os vossos dias. Ou que numa praça qualquer, mais concorrida, vos façam explodir em nome de causas que nada têm a ver com Deus nem convosco. A democracia de César igualou as vidas mas não as valorizou, bem pelo contrário, veja-se como retirou Deus do calendário, para aí colocar um homem ou um cavalo! Isso não traz esperança nem convence, seria o mesmo que estabelecer um limite a quem sonha com o infinito. Nem o facto de se apregoar que só temos uma vida concorreu para a valorizar! Deste modo ela passou a ter um carácter exclusivamente utilitário e será essa a sua cotação.
Por isso, para vosso bem, e ainda que não acreditem, acreditem que só Deus pode amaciar o coração dos homens.
Sei que haverá entre vós quem não aceite a sugestão da crença, baseada em meras contrapartidas, como as razões securitárias que invoco! Esta mensagem não é para esses, porque essa relutância já é um sinal de eternidade.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Ontem, antes de emigrar…

Saboreio a castanhada longamente… de acordo com a tradição o açúcar deve estar em ponto pérola, a cor castanho escura, consistente e vítrea, reconheço-te, doce companheira do Natal! Fecho os olhos para me lembrar do gosto antigo! Ando muitos anos para trás… meu Deus como o tempo passou de repente, os olhos ainda fechados vêem a sala de jantar, a salamandra, a mesa oval… e lá estava a castanhada, castelo erguido com fiapos de chantilly!
A casa vai ficando vazia, deixou de ser o lugar do encontro de outras eras, e por isso esta noite terei que emigrar em busca da família dispersa! A memória regressa ao evangelho de Lucas, ao imponente decreto de César… que ‘mandou recensear toda a terra’! Na Missa do Galo o celebrante comentou o mal-estar que este texto infunde ao nacionalismo judaico, mas a verdade é que nestes dias, que seriam de paz e sossego, também nós andamos num virote, porque ninguém tem terra ou aldeia a que se possa acolher, presépio onde possa nascer!
Que sabedoria a do velho adro da Igreja onde se davam as boas festas a todos, em simultâneo, sem necessidade de mais intermediários! Que saudades de uma vida lógica, com referências e raízes!
Vogamos ao sabor de decretos sem utilidade ou grandeza. E sabemos tanto de César que pouco sabemos de Deus!

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Um Bom Natal

É o meu desejo para todos os viajantes que aqui passam, seja por amizade ou simples curiosidade, por afinidade ou engano, e com a sua presença vão dando alguma vida a este interregno, que se tem prolongado sem explicação aparente! Em sentido estrito e lato!
Mas não é tempo de balanço, é tempo de boas festas, momento de paz, de trégua nas divergências, é altura de presentes e árvores enfeitadas, de férias para alguns, de frio e tristeza para outros, mas é sobretudo a celebração do nascimento de Cristo, Deus vivo para os que acreditam, facto histórico que vai passando um pouco ao lado dos acontecimentos!
Sinais dos tempos, dirão os sábios, mas o planeta é redondo e o homem que o habita não mudou assim tanto em dois mil anos. Por isso é natural que os que agora se afastam retornem mais tarde ao presépio.
Maior que as palavras é a intenção destes votos.
Um Bom Natal.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Dom Duarte

"Dom Duarte veio à Terceira inaugurar as novas instituições da AMI. À noite houve um jantar promovido pela Real Associação da Ilha Terceira. Estive presente no jantar e é sobre o que lá se disse que vale a pena falar.
Primeiro percebi melhor o sentido da obra de Fernando Nobre. Não há dúvida que tem capacidade para mobilizar meios financeiros, materiais e humanos para o serviço social. O segredo que terá é o de adaptar a cada sítio aquilo que é aí necessário. Providenciar dormida aos familiares de pessoas doentes que são internadas em São Miguel é dar resposta a uma necessidade que se fazia sentir de forma crescente, aliás como já comprovavam as iniciativas de alguns municípios mais remotos que tinham apartamentos disponíveis para os seus munícipes em Ponta Delgada. Em Angra essa função já estaria preenchida por outras instituições ou então a política de saúde regional tratou de subalternizar o Hospital de Angra. O facto é que a AMI preferiu orientar a sua actuação para a distribuição de medicamentos e para o apoio aos mais desfavorecidos. A Igreja pode-se ressentir desta intromissão civil naquilo que costuma ser a sua esfera de actuação social mas a verdade é que quem não é contra nós é certamente por nós. De qualquer forma foi bom ter assistido à ligação entre a AMI e a Casa Real.
O segundo aspecto que importa falar tem a ver com o discurso de Dom Duarte, em complemento das palavras de boas vindas proferidas por Valdemar Mota. Do que me lembro disse três coisas importantes. Disse que estavam em preparação as comemorações do assassinato de Dom Carlos onde se iria relembrar a vida e obra daquele marcante rei de Portugal que – conforme disse Dom Duarte – se fosse conhecido pelos assassinos, certamente não o teriam morto. E como os assassinos de Dom Carlos somos de facto todos nós, que vivemos em República e que ainda não pedimos desculpas por termos morto o Rei, o que Dom Duarte quis dizer foi que, se conhecêssemos a monarquia certamente não a teríamos morto. Disse também que fazia pouco sentido criticar as edificações de muitos construtores civis quando basta uma assinatura de um arquitecto conhecido para destruir o ambiente urbano de uma cidade histórica. Basta olhar para a nossa Caixa Geral de Depósitos ou para a famigerada frente marítima de Angra para todos entendermos a mensagem do nosso rei. Terá dito também, assim interpreto, que a Monarquia pode coexistir com a República, aliás como demonstra o seu testemunho de décadas. Bastaria que os Presidentes da República fossem mais seguros da sua posição para que pudessem solicitar e estimular o desempenho do monarca. Mas a verdade é que só conseguem isso no fim dos mandados e na assunção de que ficaram aquém do que conseguiriam fazer em complemento da Casa Real.
O terceiro aspecto que aqui vos reporto já se passou sem o Senhor Dom Duarte. Lamentavam os meus companheiros que a Terceira estava a perder peso para São Miguel, que Angra se estava a transformar numa vila, que qualquer dia nem teríamos o Representante da República, nem Bispo nem Secretarias Regionais. Naturalmente que constatei essa tendência mas demonstrei que a culpa era em grande parte dos terceirenses. Têm um Bispo mas não saem à rua em dia de procissão como fazem em São Miguel. Têm uma Universidade mas nunca se identificaram com ela, a ponto de não haver qualquer placa a indicar o caminho; existe a placa para os Montanheiros, para o Instituto disto e daquilo mas nada sobre a Universidade. Tiveram o porto mais importante dos Açores mas fizeram tudo para o fechar. Têm o melhor aeroporto das ilhas mas admitem que o seu uso seja condicionado para uso militar mesmo quando não há guerra. Têm possibilidade de ter cursos de jornalismo, de arquitectura, de governança e de paisagismo mas preferem condicionar a sua criação. Estão no centro do arquipélago mas preferem a defesa provinciana e inútil da ilha."

Tomaz DentinhoJornal “A UNIÃO” de Angra do Heroísmo – Açores, em 20/12/2007.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Pai Natal

Saco ás costas, barba branca, começo por distribuir presentes aos mais necessitados:

Aos franceses – órfãos de pai há tanto tempo… que se agarram ao primeiro padrasto que lhes dê ou traga alguns momentos de glória! Não precisa de ser francês! Foi assim com o corso, é agora com o húngaro Sarkozy, homem teatral, sempre à procura dos holofotes para aí encenar a virilidade da política! E não só…
Os franceses adoram ser conduzidos e também adoram estes romances! Que vão intercalando com as revistas cor-de-rosa sobre o Principado… outro sinal de orfandade, outro acto falhado de que não se dão conta!
O melhor presente que se pode dar a um francês é um manual sobre a adopção. Explicando obviamente que a família biológica existe… embora possa ter sido guilhotinada.

Aos portugueses – ofereço este postal para que descubram as diferenças, mas sobretudo para que comparem as enormes semelhanças.

Boas Festas.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Sobre o Tratado Reformador

Na parte que diz directamente respeito ao Tratado Reformador assinado em Lisboa, transcrevo a posição institucional de SAR o Duque de Bragança, incluída na “Mensagem do 1º de Dezembro de 2007”:

“ (…) Como herdeiro da Casa Real, e daí com especial responsabilidade na preservação do património histórico do povo português, tenho orgulho em comemorar hoje a restauração de 1640 e sinto que, no futuro, essa independência deve ser cada vez mais bem aproveitada. É no passado que ela tem as suas raízes, mas é no futuro que a devemos projectar.

No nosso país, tem faltado debate sobre as vantagens que nos outorga a independência. Em alguns sectores da sociedade, faz-se correr que a soberania é um conceito esgotado e que, com a globalização e iberização dos mercados, só teríamos vantagens na subsequente união política com a Europa.

Se queremos conduzir a bom porto o nosso país, acho que devemos reflectir com independência, antes de prestar ouvidos a tentações e oportunismos políticos.

Neste preciso contexto está o Tratado Reformador Europeu previsto para ser assinado em Lisboa em Dezembro e cujo processo de ratificação começará nos próximos meses.

Começo por saudar o esforço dos diplomatas portugueses que, honrando a tradição da Secretaria dos Negócios Estrangeiros, criada por D. João V, conseguiram que Portugal saísse prestigiado do modo como conduziu a negociação do Tratado de Lisboa.

A sua ratificação deveria preservar a diversidade e a riqueza cultural dos Povos Europeus. Em Portugal, como noutras nações europeias, as personalidades e os partidos debatem se essa ratificação deve ter lugar por referendo ou aprovação parlamentar.

Seja qual for a decisão, deve haver debate para ficarem claras as principais alterações introduzidas, que ficaram por explicar. O modelo da Europa a adoptar deve ser objecto de uma profunda discussão!

Espero que a introdução do Presidente Europeu, a eleger pelo Conselho, não vá minando a diversidade das nações. A verdade é que ao darem-se passos para uma entidade de tipo federal, os Governos nacionais perdem poder.

É minha firme convicção que a melhor resposta dos Portugueses ao Tratado Europeu é trabalharmos para termos um soberano verdadeiramente independente de todas as forças económicas, políticas e regionais. O Estado dá cada vez mais indícios de estar refém de “interesses especiais”. Engordou. Está flácido. É necessário reafirmar a sua autoridade e separar o seu papel central, que tem a ver com as funções de soberania, das outras funções que pertencem à sociedade. Ao assinarmos o Tratado queremos dizer que “Pertencemos à Europa”. Termos um rei será dizer que “Portugal continua a pertencer aos portugueses”.

Excerto da “Mensagem do 1º de Dezembro de 2007”.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Dia Treze

Dia histórico, dia em que a união europeia assina um tratado para falar a uma só voz, o dia em que os designados países pequenos e médios se submetem aos grandes, única forma de terem força, dizem, e porque não têm alternativa! Porque o mundo mudou, e a europa não percebeu (!), nem tem responsabilidades nisso (!), mas mudou, o muro caíu, o comunismo falhou, as torres gémeas caíram também, o terrorismo afinal é idêntico, não pode ser incensado em áfrica e condenado na américa do norte. Por isso, porque o inimigo é global, só o venceremos se estivermos unidos e a unidade impôe cedências, ou como questionam alguns: - para que serve a soberania virtual de cada país face ao poderio dos gigantes emergentes!
Mas a justificação para tal empresa teria de ter outra solidez, tinha que se erguer acima da matéria, e não pode reduzir-se às ambiguidades democráticas. Mas é precisamente o que se passa, daí a indiferença dos povos europeus, enquanto uma legião de burocratas sonha com impérios e legiões a partir de Bruxelas!
Outra utopia e outro muro para cair.

sábado, dezembro 08, 2007

Festa em Lisboa

Para quem se identifica com uma história sem interrupções, faz-lhe alguma confusão ter que emprestar a sua casa para convidar os amigos para um fim de semana em Lisboa!
Mas valeu a pena, explicámos à europa e ao mundo que quinhentos anos de experiência continuam a fazer a diferença! Num excesso patriótico vi o mapa cor de rosa desfilar à minha frente... e o convite a Mugabe vingou o ultimatum! Com os africanos nos entendemos, não precisamos de intermediários para nada.
Falta agora lancetar o abcesso provocado pelas ideologias serventuárias dos vários socialismos, estranhas a África, e que lançaram o continente na miséria e na indignidade. Aqui já não estou tão certo das actuais capacidades portuguesas, serão precisos homens de ambos os lados que assumam sem complexos a história comum, incluindo nela todas as vicissitudes, o bom e o mau de uma presença impossível de apagar e que à vista da festa de Lisboa, ninguém quer apagar. Ainda se fala muito de petróleo e dinheiro, mas sente-se que existem coisas mais importantes para falar. Há sinais de esperança e o dia de hoje é um desses sinais – celebra-se a Senhora da Conceição, Rainha e Padroeira de Portugal!

quarta-feira, dezembro 05, 2007

A Câmara

Câmara de pedintes, sem mistério, à vista do cheque não há partidos para ninguém, venha ele que é para gastar. Luís Filipe bem tentou evitar as obras que hão-de projectar o Costa para a reeleição, em vão, outros valores mais altos se levantam!
Patusca a história das dívidas, não acham?! Que as dívidas não são dele, correspondem a edilidades anteriores!!! Será que não é sempre assim, ou o Costa queria entrar logo a contrair dívidas?! Pois claro que queria e assim fez!
Mas é para uma boa causa, já se esqueceram que temos aí o centenário! Tem que lá estar um que seja da cor! Da cor de Outubro, obviamente.
Depois, aquilo não é uma câmara, é uma ante câmara. Dá saída para tudo, dali pode sair um primeiro-ministro, um presidente da república, um candidato a qualquer coisa, tem sempre prémio.
E ainda havia gente com medo que eles não se entendessem!
Lisboa é Lisboa e o resto é paisagem!

sábado, dezembro 01, 2007

Dia da Independência

Peço imensa desculpa por vir quebrar o sossego da nação, por vir lembrar uma data que os livres pensadores se esforçam por esquecer, que a grande maioria da população desconhece porque era esse o objectivo, mas tenham paciência, eu demoro pouco, meia dúzia de linhas no máximo.
Quando no primeiro de Dezembro de 1640 decidimos dar fim à união ibérica, reino unido de Portugal e Espanha, união europeia a que aderimos voluntariamente, quando os quarenta fidalgos souberam interpretar os desígnios da Pátria, reconduzindo-a ao trilho Fundador, quando tudo isso aconteceu… estávamos mais ou menos na mesma encruzilhada em que hoje nos encontramos!
Ontem como hoje e a troco da independência política, também nos foram prometidos mundos e fundos! Também embarcámos nas guerras dos outros, em armadas invencíveis, também quebrámos velhas alianças, também trocámos princípios por coisas, e parece que ao princípio a coisa corria bem… e também não havia alternativa!...
A única diferença é que a antiga adesão foi votada em Cortes, e aprovada, com a honrosa excepção do procurador por Lisboa, de seu nome Febo Moniz!
Sessenta anos depois, porém, reconhecido o erro, veio o tal dia 1 de Dezembro de 1640!
O Dia da Independência.