sexta-feira, outubro 20, 2006

Doce canto furibundo

Doce canto furibundo, desta noite sem luar, és capaz de ser poeta, leva o canto até ao mar...
Do mar venho eu, quem pode ser arrais de tal embarcação!
Ponho o pé em terra e logo sou assaltado – sinto a mão pesada no meu bolso leve, grito, não é ninguém, se protesto ainda oiço – é para teu bem!
Triste sina, negro fado, deste canto furibundo, és capaz de ser poeta, leva o canto até ao fundo...
No fundo estou eu, quem me acode!
Puseram ontem um cavalo na cidade, um cavalo de pau, nada de novo.
De lá saíram como antigamente um grego e um cartaginês. Aníbal estava hirto e tisnado pelo sol. O grego era Sócrates mas não era filósofo.
Cavaqueavam.
O que combinaram não sei, ficou no segredo dos deuses. O grego parecia determinado e tomou rapidamente conta da situação. O truque, o mesmo de sempre: trazia um ramo de oliveira numa das mãos e uma boina na outra. Prometeu um chouriço a quem lhe desse um porco e a população, conformada, aceitou!
Aníbal ainda ajudou, deu uma volta com a boina e satisfeito acenou.
Doce canto furibundo, minha rosa sem jardim, és capaz de ser poeta, leva a cruz até ao fim...
Mas que mal fiz eu ao mundo para merecer sorte assim!

Sem comentários: