sexta-feira, março 24, 2006

Se o Iraque não existisse...

Foi uma fatalidade o Iraque...Mas que podia eu fazer? Apertado pelo castelhano, tive que ir até aos Açores!
Mas vou dar a volta por cima, e já não é a primeira vez!
Lembram-se do MRPP?
Para enfrentar os cães do Cunhal, ultrapassei-os pela esquerda. Depois foi só virar à direita e seguir o meu caminho. Fui um herói na Faculdade! A partir daí pude escolher um Partido decente. Sá Carneiro, aliás, esperava por mim, porque sabia que eu era um jovem patriota!
Não me digam que acreditaram na história do maoísmo? Só os otários!
Nasci burguês, morrerei burguês, tudo normal. Aquilo foi mais por causa da miúda... Sempre soube de que lado soprava o vento. É do outro lado do Atlântico. Os américas ajudaram-me bastante, e afinal foram eles que ganharam a guerra.
Arranjei bons amigos na direita, a minha folha de serviços permite todas as liberdades! As nódoas ainda lá estão – “nem mais um soldado, nem mais um tostão para as colónias...” – vão demorar tempo a desaparecer, mas isso já não é para a minha vida.
Quando me lembro disso, até me arrepio! Mas como é que chegava ao Ministério dos Negócios Estrangeiros? Às Colónias? Como é que dialogava com os tiranetes que lá pusemos?
Tudo junto, deu-me a União Europeia!
Aqui um parênteses de elementar justiça: toda a gente vê que eu não tenho nada a ver com aquela malta. Sou um político com outro nível, aquilo é uma cambada de jacobinos! Lembram-se do pobre Buttiglioni!
Mas o Iraque é de facto um problema... A invasão foi um crime, não tenho dúvidas, uma mentira pegada, e prejudicial para as nossas cores. Sempre falei disso com os meus botões, mas ainda bem que eles não falam.
Aquilo é um desastre, qual democracia qual carapuça, guerra civil não tarda...
Aqueles americanos, com os ingleses à arreata, não podem andar para aí a fazer asneiras a torto e a direito! No tempo da guerra-fria eram mais comedidos. É caso para dizer que são piores sozinhos, que mal acompanhados!!!
A União Europeia não conta, quando toca a unir, vigoram como sempre vigoraram os interesses nacionais...dos grandes.
O que me preocupa é como é que eu vou sair desta história?!
A China?
Não há nada como o primeiro amor...

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