segunda-feira, janeiro 23, 2006

A noite eleitoral

A previsão mais certeira sobre os resultados eleitorais foi dita no fim da Missa de Domingo a que assisti.
O Padre celebrante já se despedia dos fiéis quando olhou o relógio e comentou: - “já passa das oito, Almada está em silêncio, não se ouvem carros nem buzinas, parece que o ‘Benfica eleitoral’ não está a ganhar...”!
O Padre nunca o admitiu, mas eu sei que ele também é...do Belenenses!
De facto, no caminho de casa, ao atravessar uma Almada emudecida, não pude deixar de fazer a seguinte pergunta à minha memória: - será que, depois de trinta anos, a ‘maioria silenciosa’ conseguiu chegar a Belém?!
A resposta obtive-a quando cheguei junto do pequeno ecrã, não apenas pela clareza dos números mas principalmente pela expressão tristonha de todos os participantes, fossem os envolvidos, fosse a envolvente!
Quanto à envolvente, fixei-me na TVI por uma série de razões: - estava lá a Manuela Moura Guedes, com quem simpatizo, porque diz tudo o que lhe vem à cabeça, mas com uma enorme generosidade. Para além disso, Manuela torna-se indispensável quando uma das pessoas convidadas é a Ana Drago. Com uma marcação impiedosa Moura Guedes ‘secou’ aquele perigoso ‘repuxo de jardim’ que nunca nos deixa beber àgua sossegados!
Estavam também a Constança em despique com o Miguel Sousa Tavares, os discretos Ruben e Inês Pedrosa, o economista Borges, e a combativa Maria José Nogueira Pinto que, de vez em quando, era maltratada pelo pivot de serviço!
Se me perguntarem sobre o que é que discutiram durante toda a noite, respondo que não sei. Percebi apenas que ninguém estava contente!
Já no que respeita aos envolvidos, era relativamente fácil de adivinhar quem estava mais zangado. Sem dúvida, Soares e Louçã, afinal os grandes derrotados da noite. Por coincidência, era nas respectivas sedes de candidatura que os aplausos eram mais frenéticos!
Os discursos também não enganam: - Louçã, com os 300 mil votos que obteve, vai avançar para a ‘política de solidariedade’, a expressão é dele, que já conhecemos – aborto, casamento de homossexuais, eutanásia, e...mais emprego com menos trabalho!
- Soares, também muito aplaudido, não estava bem. Chamado à última hora para apagar os fogos do regime, parecia desconfortável nesse ingrato papel.
Dos outros ficámos a saber que Jerónimo ganhou bem o seu jogo particular com o Bloco de Esquerda, que Garcia Pereira precisa de trezentos portugueses para descobrir um que simpatize com o MRPP (!), e que Alegre acabou por ser derrotado ‘por umas décimas’, fim de citação.
Por último, o primeiro, o cartaginês de Boliqueime, que conseguiu derrotar o Império! Não foi tarefa fácil e sabemos que o mais difícil está para vir.
Pois é, o número de ilusionismo do costume vai continuar a não funcionar: - ‘serei o Presidente de todos os portugueses’!
Era preciso que os derrotados deixassem ou que os vencedores quisessem, o que é a mesma coisa.
Por isso é que a guerra civil recomeça amanhã, ou hoje mesmo.

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