quinta-feira, agosto 25, 2005

O Plano de Salvação

Com este Governo de costas... para a realidade, atrevo-me a sugerir um P.S. (Plano de Salvação) diferente, que pode talvez ser aproveitado quando todos os outros P.S. falharem!
O estilo e a prosa são um bocadinho vanguardistas para o meu gosto, mas cá vai:
- Considerando que Portugal não era assim, todo cravejado de pinheiro bravo e eucalipto, a tal “riqueza” dos madeireiros e das celuloses, mas que não enriqueceu os centenares de “proprietários de meia dúzia de pinheiros”, obrigados a abandonar as suas terras para irem trabalhar e viver na “cidade-grande”!
- Considerando que hoje, esses “proprietários”, só voltam à terra no mês de Agosto, pelas festas!..
- Considerando que quem lá vive todo o ano, são os pinheiros e os eucaliptos, matéria combustível entregue à sua sorte e que vai ardendo sempre que possível!
- Considerando que esta “riqueza florestal” ameaça levar-nos rápidamente à ruína!
- Considerando, por último, a impossibilidade de pôr um guarda atrás de cada pinheiro!

Proponho,

Que o Governo assuma o controle efectivo dos fogos florestais, retirando a iniciativa aos incendiários profissionais, amadores, ocasionais, distraídos, imprevidentes, etc., e deve levar a cabo essa tarefa patriótica de incendiar o País, com método, por quadrícula, em segurança e com custos reduzidos! E escusa de ser no Verão, porque a época aconselhada para as “queimadas” é, como se sabe, no Outono.
A resistência ou a possível incompreensão das populações perante esta nova visão do problema deixará de se fazer sentir logo que o Governo consiga explicar as vantagens e inconvenientes em confronto.

Principais vantagens:
- Ficávamos todos a conhecer com exactidão a área ardida!
- Os fogos florestais deixavam de ser arma eleitoral, com os benefícios que se adivinham!
- Não se gastavam os rios de água e de dinheiro a tentar apagar os fogos (agora interessava não apagar)!
- A despoluição de alguns rios e do meio ambiente em geral, pelo regresso das fábricas de celuloses aos países de origem (norte da Europa)!
- Em vez de repovoamento florestal fazia-se o repovoamento humano, invertendo a inexorável desertificação do interior!

Vejamos agora os inconvenientes:
- Desde logo o “desemprego” forçado para os incendiários no activo!
- Para madeireiros, celuloses e interesses afins que teriam de procurar outras regiões (mais propícias) para desenvolverem os seus negócios (sugere-se a China pela mão de obra barata e, assim como assim, o rio já é amarelo)!
- Para as empresas que vendem equipamentos para combate a incêndios, que teriam de refrear as suas vendas (são empresas comerciais e os equipamentos são todos importados)!
- Para o deficit que assim diminuiria substancialmente (eu nem quero imaginar os “custos” invisíveis com os serviços públicos ou quase públicos, com os aviões, os helicópteros, autotanques, e toda a parafernália envolvida no combate aos incêndios... e ainda por cima em vão!!!)!
- Para a comunicação social, especialmente os telejornais, que teriam de reciclar-se e arranjar outro assunto para manter o País em estado de alerta!
- E finalmente para o Governo, que teria que sair da “sombra”!

Vistos os inconvenientes e reconhecendo que são graves, ainda assim penso que este P.S. (Plano de Salvação), ao contrário dos outros, tem pernas para andar!

“Uma forma larvar de terrorismo, toma o pulso ao País, infiltra-se e vai avançando sobre a inércia e a incapacidade dos governantes...”
A estação do fogo

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